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MUSEU ENTREVISTA
AGUSTÍN PÉREZ RUBIO SE DESPEDE
DO MALBA, MUSEU DE ARTE
LATINO-AMERICANO DE BUENOS AIRES
O ESPANHOL, DIRETOR ARTÍSTICO DO MALBA, VOLTA PARA SUA TERRA NATAL E FAZ AQUI UM LONGO
BALANÇO DE SUA TRAJETÓRIA NUM DOS MAIS IMPORTANTES MUSEUS PRIVADOS DA AMÉRICA LATINA
POR PATRICIA ROUSSEAUX
A!B Qual foi tua experiência e o que você sente que você tem que implementar olhando para um conjunto de
que fez de relevante nestes anos? necessidades desde quando você entra até que sai e que, casu-
Em primeiro lugar, o relevante para mim é o que almente, eram questões que estudávamos e analisávamos no
consegui fazer e deixar dentro da instituição, um grupo. Um ano depois, eu vivia em Toronto, teria dificuldades de
museu privado, no contexto de uma cidade como vir, mas após uma negociação assumi como diretor artístico. O
Buenos Aires, num país como Argentina e com primeiro que fiz foi estudar o arquivo, a história da instituição e
uma visão da importância regional, o continente investigar lacunas, o que se deixou de lado e o porquê. A partir
latino-americano. daí, o primeiro ano foi para olharmos para dentro, implementar
A busca de uma noção pública através da trans- uma forma de trabalho, criar novos departamentos a partir do
posição de conhecimentos, de construção de pro- que já existia, como literatura e cinema. Implementei arte e
jetos e não só de amplificação do museu, do seu pensamento, educação e literatura. Contratamos a Lucrécia
programa, da sua imagem, dos seus protocolos Palácios para os Programas Públicos, e a Renata Servetto, para
de atuação. Por quê? Porque quando chego ao Educação. Publicamos Agitese antes de Usar, comprado pelo
Malba é um museu que já conheço. Aliás, desde SESC em Brasil. É um projeto com Miguel López, Teorética Malba.
seu nascimento em 2001, quando ainda estava em Hoje este grupo já não está no Malba, é outro momento.
construção. Acompanhei o trabalho de Agustín de O mais importante foi trabalhar transversalmente. Entender o
Arteaga, de Marcelo Pacheco como diretor e chief papel da associação de amigos, o comitê de aquisições, colocar
curator e de Laura Buchelato. Não conhecia o todos os chefes de área juntos numa mesa para discutir.
Eduardo Costantini, seu presidente, mas conhecia Quando entro no museu, proponho uma forma de trabalho.
suas mostras e parte da coleção. O primeiro ano foi voltado para este trabalho. A construção
Ocorre que, em 2013, um ano antes de ser esco- de uma estrutura, um Diretor Artístico, um Diretor Executivo,
lhido como diretor artístico, junto com o ICI, Inter- que naquela época foi Federico Braum, trabalhando em con-
nacional Curator Independent de NY, com Rennó junto. Um board curatorial, que é o que chamamos de comité
Prot fizemos o primeiro “workshop de curadoria” científico artístico, onde poder falar da programação e ainda
em América Latina. Magalí Arriola, Magali Arriola, mais poder dar as linhas da coleção. O museu não tinha uma
Michy Marxuach, Naomi Beckwith, etc. E, como divisão clara na hora da escolha das aquisições o da organi-
parte deste mergulho, justamente viemos aa Malba zação da exibição da coleção.
para visitar a coleção e a experiência foi nefasta. A Esse board foi fundamental para minha gestão. Formado
visita guiada da educadora tinha lacunas, não existia por Julieta Gonzales, Andrea Giunta, Victoria Guiraldo, Inés
um roteiro curatorial. Enfim, faltavam coisas que Cajgestein, Adriano Pedrosa, Octavio Faia e eu, sete pessoas.
são da dinâmica da gestão de um museu, coisas Dialogar com eles foi implementar protocolos de trabalho,
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