Page 44 - ARTE!Brasileiros #42
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EXPOSIÇÃO BAHIA
ALFREDO VOLPI PARA
TODO MUNDO VER
ARTISTA GANHA A ADMIRAÇÃO DO PÚBLICO EUROPEU COM EXPOSIÇÃO
EM MÔNACO, MAS NÃO DEIXA DE ENCANTAR UM DOS PÚBLICOS
MAIS BRASILEIROS, O BAIANO, COM MOSTRA NO MAM-BA
POR JAMYLE RKAIN
AO MESMO TEMPO que fascinava – e continua 40, passa pela incursão do figurativo e depois co-
a fascinar – europeus em exposições e feiras meça o surgimento da poética geométrica”, afir-
pelo continente, Alfredo Volpi não é esquecido ma. Para ele, o trabalho do curador Sylvio Nery
pelos espaços brasileiros. Desta vez, o artista reune “belos exemplares de pinturas que repre-
ítalo-brasileiro tem 33 obras exibidas no Museu sentam muito bem cada época de Volpi”.
de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA). A mostra, O repertório do artista nascido na Itália, mas ra-
que se estende até o dia 1° de julho deste ano, dicado no bairro paulistano no Cambuci, desde as
é um dos frutos do grande esforço que a gestão fachadas às famosas bandeirinhas tem sido linha
do museu tem feito ao lado de parceiros para de várias exposições que ele tem ganhado ao
driblar a crise orçamentária. redor do globo. No final de 2017, ganhou sua pri-
A exposição só foi possível, de acordo com Zivé meira individual em uma galeria estadosunidense.
Giudice, diretor do museu, pela ajuda de parcei- Neste ano, já foi alvo de exposições em Mônaco e
ros e colecionadores que se uniram para traba- na tradicional galeria Sotheby’s, em Londres. “O
lhar em uma força tarefa que fez o recolhimento mundo começa a descobrir Volpi”, destaca Zivé.
e o transporte das obras até a Bahia. “Existe um A primeira atividade artística de Volpi data de
flerte entre Volpi, a Bahia e este museu desde os 1914, quando tinha apenas doze anos de idade.
anos 40”, afirma Zivé, sustentando seu argumen- Apesar disso, a pintura começou a fazer par-
to na posterior doação feita da obra Casas, na te de seu cotidiano só na década de 30, tendo
década seguinte, para o acervo da instituição. A como base as suas observações de paisagens e
iniciativa foi do crítico de arte Theon Spanudis e, construções da vizinhança onde morava. No final
para Ladi Biezus, que assina texto crítico da ex- dessa década, começou a pintar aquilo que, his-
posição, a atual mostra também cumpre o papel toricamente, viraria a sua marca na arte. Mesmo
de comemorar mais de cinquenta anos da doação. fazendo parte de uma geração que se desenvol-
Tratando a exposição como uma retrospectiva, veu em um momento modernista, Volpi se des-
Zivé diz-se satisfeito por sediar algo digno do ar- vinculou dos rótulos de movimentos artísticos
tista: “É uma retrospectiva que começa nos anos impostos pela crítica.
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Book_ARTE42.indb 44 3/22/18 6:10 PM