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FEIRAS SP-ARTE/2017
DIFERENTES OPÇÕES PARA
PÚBLICOS DIFERENTES
NO MEIO DE UMA GRANDE INSTABILIDADE ECONÔMICA, POLÍTICA E CIDADÃ,
O ENCONTRO PLENO COM A ARTE PARECE TER TRAZIDO UM CERTO FRESCOR,
BENÉFICO, PARA INÚMEROS PÚBLICOS NA CIDADE DE SÃO PAULO
POR PATRICIA ROUSSEAUX
A SEMANA DA SP-ARTE, que acontece há 13 jovens, numa espécie de eterna repetição do pop.
anos, criou nesta edição novos espaços de visitação A feira em si incluiu várias galerias nacionais e
na cidade com iniciativas como o Gallery Night e o internacionais, com uma enorme diversidade de
esforço de museus e instituições públicas e privadas ofertas. Algumas internacionais mostraram um
em caprichar nas suas mostras. real investimento ao se apresentar ao mercado
Centenas de pessoas se deslocavam de galeria em brasileiro. A Thaddaeus Ropac, de Paris e Londres,
galeria, de galeria a museu, dando uma parada trouxe duas enormes esculturas de Georg Base-
para um sanduíche num food truck ou uma taça litz que, segundo foi comunicado à artnet News
de vinho ou uma cerveja. O que se viu e ouviu foi pelo diretor de operações Markus Kormann, foram
um encontro agradável, uma boa discussão, visitas adquiridas por um grande colecionador brasileiro.
guiadas, comparação e observação sobre obras, David Zwirner vendeu uma tela de Yayoi Kusama; e
suportes e artistas nem tão conhecidos por um Oscar Murillo, peças de Francis Alÿs, Lisa Yuskavage
público mais inexperiente, mas muito atento. e Wolfgang Tillman. A White Cube apresentou obras
Esta edição de ARTE!Brasileiros se aprofunda em de Gabriel Orozco, Damien Hirst e Antony Gromley.
algumas das mostras abertas naquela semana. Sem dar detalhes, seu diretor comentou ter tido
Especialmente a magnífica exposição Pedra no bons resultados nas vendas.
Céu Arte e Arquitetura de Paulo Mendes da Rocha, De Londres, a Richard Saltoun apresentou uma
com curadoria do Cauê Alves, no MuBE – Museu escultora austríaca, Renate Bertlmann, que traba -
Brasileiro de Escultura. lha quase exclusivamente com latex há anos, usando
A galeria Casa Triângulo apostou na primeira indi - seu corpo como suporte, abordando sexo, amor e
vidual de Nino Cais, Ópera do Vento. O artista, que relacionamentos; e a White Rainbow, fotografias
ingressou recentemente no seu elenco, aborda, do japonês Shigeo Anzaï, que se especializou em
entre outros temas, o caráter imaterial da obra de retratar a história, o trabalho e as obras de artistas.
arte e mostra que seu trabalho só está crescendo. No novo espaço Repertório, curado pelo Jacopo
Na galeria Mendes Wood, Paulo Nazareth reuniu as Crivelli Visconti, a Galeira Marian Goodman, de Nova
séries Produtos do Genocídio – pesquisa sobre orga- York, Paris e Londres, trouxe Lothar Baumgarten
nizações que se utilizam de elementos indígenas num trabalho formado por porcelanas, desenhos e
e nomes afros – e Bestiário Capital, com desenhos folhagens construído a partir de sua pesquisa nos
de animais retirados de logomarcas, como, por rios da Amazônia.
exemplo, o coelho da revista Playboy. A Galleria Continua, de San Giminiano, Beijin e
Aliás, vários objetos de consumo apareceram nos Havana, trouxe um solo de Michelangelo Pistoletto,
estandes metabolizados em obras de artistas mais o mais proeminente protagonista da Arte Povera 1
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