Exposição “Antes que Seja Depois"
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Com a proposta de encontrar novas maneiras de ocupar a cidade com arte, o Coletivo GRÃO propôs uma residência artística seguida pela exposição gratuita Antes que Seja Depois, na Galeria
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Com a proposta de encontrar novas maneiras de ocupar a cidade com arte, o Coletivo GRÃO propôs uma residência artística seguida pela exposição gratuita Antes que Seja Depois, na Galeria Olido. Enquanto os artistas desenvolvem suas obras no 1º andar do espaço, na Sala da DJ, o público é convidado a conhecê-los e entender seus processos criativos, de segunda à sábado, das 10h às 21h. Já a mostra inaugura no dia 4 de outubro e segue em cartaz até o dia 1º de novembro, com visitação educativa de quarta a sábado, das 12h às 17h.
Formado por oito artistas diversos, o coletivo explora diferentes linguagens e materiais. Os visitantes encontrarão instalações, lambe-lambes, obras sonoras, pinturas, esculturas e performances. Muitas delas são interativas e se relacionam diretamente com o centro de São Paulo.
“O objetivo principal deste projeto foi pensar em como a região central da cidade afeta as pessoas, como ela se impregna no corpo de quem circula por lá. Queremos refletir sobre a relação entre arte e vida, apresentando diversas facetas desse local tão singular, que vai mudando constantemente, se autodestruindo e autocriando”, comenta o curador Allan Yzumizawa.
Ao mesmo tempo, essa ocupação da Galeria Olido também se propõe a revitalizar o espaço, contribuindo para fortalecer a presença das artes visuais nesse importante patrimônio da cidade. A iniciativa foi viabilizada com apoio do Programa de Ação Cultural – ProAC, da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas
Antes que Seja Depois
A artista e produtora cultural Mariana Tescarollo atua no coletivo articulando os processos de produção e mediação com o público. Sua prática se caracteriza pelo interesse em criar espaços para que as obras aconteçam de forma compartilhada, em constante diálogo, costurando as demandas técnicas e poéticas de cada integrante e pensando a ação expositiva como obra. Para a mostra, evidencia o trabalho coletivo que sustenta a ocupação da Galeria Olido e sua abertura à cidade.
Para Vitor Bárbara, também conhecida como Pitanga, é fundamental existir um diálogo entre as obras, os trabalhadores do centro cultural, os visitantes e a rua. Até por isso, o grupo montou um karaokê totalmente aberto. “Uma das minhas intervenções é uma câmera, que deixei virada para a vitrine, para observar como as pessoas se relacionam com ela. Já soube, por exemplo, que um grupo de garotas ficou dançando em frente a ela”, conta.
A artista pesquisa o impacto da tecnologia no cotidiano. Inclusive, além de criações com telas quebradas e descartadas de celulares, outra das suas propostas é questionar a nomofobia, termo novo utilizado para designar o medo, a ansiedade ou o desconforto causados pela falta do smartphone. “Faço uma mediação com quem tiver interessado, que envolve olhar uma configuração específica do celular para descobrir se você usa muito o aparelho”, acrescenta.
Daniel Chang, formado em Arquitetura e Urbanismo, gosta de unir todas as suas expertises nos seus trabalhos, incluindo o uso de restos de construção nas suas obras. Uma de suas instalações é uma arquibancada pensada para o público relaxar e contemplar a cidade, mais especificamente o Largo do Paissandu. Também estará exposta uma escultura interativa inspirada em movimentos de capoeira.
A artista-educadora Hanna Kilsztajn, nas suas criações, valoriza o lúdico e a possibilidade de permanência. Além de integrar a equipe do educativo da mostra, ela propõe como obra a própria organização dos materiais e elementos encontrados na galeria, assim como a criação de ambientes de interação e repouso.
“Era muito importante para nós tornar o espaço habitável, confortável. Uma das nossas intervenções coletivas é a oficina/cozinha que dividimos com todes que frequentam e coabitam a galeria. Na verdade, estamos contando que o próprio espaço será uma obra de arte”, afirma.
Explorando materiais inusitados, a artista Nat Rocha busca ressignificar a vida na metrópole, propiciando experiências libertadoras para o corpo. Um dos seus projetos é Longe da Cidade Dormitório. Ela monta redes feitas com malhas de tela de construção que ficam disponíveis para qualquer interessado. “Eu já coloquei algumas por São Paulo, mas a polícia diz que eu não posso fazer isso. De qualquer forma, elas são transitórias, já que são de temporalidades frágeis”, conta. Alguns dos seus trabalhos envolvem sacos de ráfia e terra de construção.
Lu Martins investiga, de diversas maneiras, a impregnação da cor vermelha nos locais por onde transita. Para a exposição, uma das ações será oferecer bebidas vermelhas para o público. Além disso, criou esculturas feitas com camadas de tintas sobrepostas a partir das letras da palavra Provisório, para observar a ação do tempo sobre, além de propor intervenções em que a palavra é estampada em diferentes pontos da cidade. “Para mim, São Paulo tem a característica de ser mutável e, durante as minhas andanças, percebi algumas placas estampadas de Provisório e assim surgiu a ideia”, explica.
Entre as obras apresentadas, uma coluna na galeria será envolvida com uma tinta que, com o passar dos dias, vai cedendo, fazendo referência ao fato do Tanque do Zunega ter sido dissecado para dar espaço ao que hoje é o Largo do Paissandu. Na obra Coletivo do Karaokê, Lu Martins insere o vermelho como parte da relação entre público e espaço, além de trazer uma instalação onde imagens dos integrantes do coletivo são projetadas como memórias dessa ocupação que perduram nas ações de alteração do espaço.
Vinicius Almeida costuma trabalhar com gravura em metal, xilogravura, monotipia, desenho e pintura e, para a Antes que Seja Depois, vai registrar os afetos encontrados ao transitar pelo centro da cidade. Por meio de um painel com imagens diversas, ele faz um retrato único daquilo que observou. “Minhas criações nascem das percepções que tenho sobre a cidade de São Paulo. Desta vez, a relação com a região central era o grande fio condutor e entendo o Arouche e a Praça da República como espaços de encontro entre corpos e de socialização homoerótica, da mesma forma como as piscinas públicas são. Esses dois mundos serão contemplados”, comenta.
A música também marca presença na mostra. Brunnin R dialoga com dois outros marcos do centro, a Galeria do Rock e a Galeria do Reggae. “Decidi homenagear esses lugares e a DJ Sônia Abreu, que nomeia o andar expositivo da Galeria Olido, produzindo uma banda para entender como acontece esse processo criativo coletivo a partir da música. Vai ser lançado um disco, camisetas e bottons. Além disso, o público terá vários instrumentos à disposição e poderá tocá-los à vontade”, explica.
Serviço
Exposição | Antes que Seja Depois
De 4 de outubro a 1º de novembro
Segunda à sábado, das 10h às 21h
Período
4 de outubro de 2025 10:00 - 1 de novembro de 2025 21:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Olido
Av. São João, 473 - Centro Histórico de São Paulo, São Paulo - SP


 
		


