Page 28 - artebrasileiros-64
P. 28

35ª BIENAL DE SÃO PAULO  DESTAQUES












                               ANA PI






                               Artista plástica mineira assina instalação com
                               Taata Kwa Nkisi Mutá Imê em que propõe um
                               diálogo em deslocamento e entre gerações

                               por maria hirszman









           “um diálogo em deslocamento e entre gerações”:  e Américas, em Paris, ou a Porta do Não Retorno, Em
            assim Ana Pi define o trabalho que desenvolveu em   Uidá-Benim), agora amalgamados num conjunto bas-
            parceria com Taata Kwa Nkisi Mutá Imê, sacerdote do   tante complexo de referências, como um comentário
            candomblé de quem é filha há 18 anos, e que pode ser  vivo acerca das encruzilhadas e potencialidades.
            visto logo na entrada da Bienal. Trata-se de uma estrutura   “Quando falamos de tempo, estamos disputando
            metálica composta por quatro antenas em movimento,  algo de futuro, de continuidade da vida e não somente
            com mais de sete metros de altura, que se conecta com   da vida humana”, afirma ela, enfatizando a importância
            uma série de referências de grande força simbólica como   de valorizar novos caminhos. Ana Pi – que também
            búzios, palhas da costa, sementes de baobá, monitores   colaborou, como coreógrafa, com o trabalho que Julien
            que exigem imagens e fotografias coletadas ao longo   Creuzet expõe na mostra – celebra que a Bienal esteja
            da pesquisa e a voz de Taata falando sobre os inquices,  confraternizando “com algumas ideias de mundo que
            entidades soberanas no candomblé. Para desenvolver  não é essa hegemônica, que polui, que deixa gente
            esse projeto, a dupla percorreu milhares de quilômetros,  passando fome”. Ela relembra que esta é a primeira
            capturando vestígios e elementos poéticos em uma série   edição do evento pós-pandemia. E acrescenta: “Não
            de países e instituições (como o Instituto Fundamental   podemos esquecer que mais de 700 mil pessoas fale-
            da África Negra, em Dakar, o Museu do Quai Branly, ou   ceram e ainda não foram rezadas. Nossas cosmovisões
            Museu das Artes e Civilizações da África, Ásia, Oceania   vêm para tratar disso”.



















                                      Instalação ANTENA IA MBAMBE Mimenekenu Ê lá Tempo! de Ana Pi e Taata Kwa Nkisi Mutá Imê

            28
   23   24   25   26   27   28   29   30   31   32   33