Page 29 - ARTE!Brasileiros #59
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ou “autoiniciado” de sua própria filha. A partir das 17h, criar um espaço onde, mais que ensinar os bebês, nós
todos os espaços estão liberados para visitação. adultos possamos aprender com eles”, explica Kunsch.
Pikler demonstrou que bebês com vínculos afetivos são Para desenhar o ambiente preparado, ela trabalhou
capazes de brincar livremente, sem a direção de adultos, junto a Elke Avenarius, diretora de uma creche local e
e esse brincar livre coincide com o movimento corporal engenheira civil de formação. O mobiliário foi todo pen-
livre, cada bebê em seu próprio tempo. “É comum adultos sado para garantir a crescente autonomia dos bebês. A
anteciparem as posições motoras de bebês – sentando-os, colaboração na arquitetura foi tão intensa que Elke se
FOTOS: PATRICIA ROUSSEAUX que, o mais rapidamente possível, os bebês se tornem se baseia na colaboração, mas no contexto da documenta
colocando-os em pé, ajudando-os a andar –, esperando
tornou coautora do projeto. Há anos, a prática de Kunsch
parte do ‘mundo adulto’. E se invertermos essa relação, quinze, ela se multiplica em várias camadas, desde o
respeito a mulheres que nos anos 1940 já trabalhavam
descendo ao chão, tornando possível que bebês vivam
com educação infantil e fotografia, a construir redes na
plenamente seus primeiros anos de vida, ou o ‘mundo
dos bebês’? A minha contribuição para a Fridskul foi
própria cidade de Kassel, como na parceria com Avenarius.
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