Page 14 - ARTE!Brasileiros #59

DEMOCRACIA E REPARAÇÃO BIENAL BERLIM

Não é uma bienal que se vê sem passar por forte 161 abordam os estupros massivos de mulheres.
impacto. No KW, por exemplo, Ariella Aïsha Azoulay Uma mesa apresenta os livros que tratam do assunto,
apresenta A História Natural do Estupro, uma inves- mas as imagens estão recobertas com uma tarja negra,
tigação sobre os milhares de estupros que mulheres como a proteger as vítimas. A artista apresenta uma
alemãs sofreram após a Segunda Guerra Mundial complexa documentação sobre o tema também em FOTOS: SILKE BRIEL | DOTGAIN | PATRICIA ROUSSEAUX
e que foram praticamente apagados dos livros da uma parede. Ao lado deste conjunto, encontra-se a
época. De acordo com Azoulay, em um dos textos Grande Pintura Coletiva Antifascista, realizada por cinco
da instalação, de milhares de fotos realizadas em artistas em Milão, em 1960, uma denúncia das torturas
abril e maio de 1945, não há nenhuma com menção a e do estupro sofridos por Djamila Boupacha, uma líder
estupro e, em 9.558 páginas sobre o período, apenas da Frente Nacional pela Libertação da Argélia, acusada

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