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INTERNACIONAL INSTITUIÇÃO
Em Paris, a arte!brasileiros entrevistou a historiadora da
arte Betina Zalcberg, integrante do conselho do Fundo
Arthur Luiz Piza e amiga do artista falecido em 2017
em Conversa Com betina ZalCberg, historiadora
de arte e um dos membros do Conselho do Fundo
de dotação Arthur Luiz Piza (Fonds Arthur Luiz Piza,
sediado em Paris), a arte!brasileiros teve a oportu-
nidade de mergulhar na história de Piza e de alguns
outros artistas que se estabeleceram entre os anos
1960 e 1980 na capital francesa, em uma época rica
e conflitiva da história do Brasil.
Arthur Piza nasceu em São Paulo em 1928 e iniciou
sua formação artística em 1943, estudando pintura
e afresco com Antonio Gomide (1895-1967). Depois
de participar da 1ª Bienal Internacional de São Paulo,
em 1951, viajou para a Europa e passou a residir em
Paris. Faleceu naquela cidade em 2017, aos 89 anos.
Betina Zalcberg tem passagens pela Sotheby’s,
mam - Ville de Paris e Centre National des Monuments
Historiques. Hoje, navega entre São Paulo e Paris.
Leia abaixo a entrevista.
– Como você conheceu Arthur Piza?
Betina Zalcberg – Vou começar essa história
puxando um fio lá longe - tanto pelo prazer de
evocar uma pessoa querida quanto pelo efeito
dominó de amizades que representa. Me refi-
ro a Vera Pedrosa, que conhecera Arthur Luiz
e Clelia Piza em 1953, quando acompanhou
seu pai – Mário Pedrosa, então membro da
Comissão artística da 2ª Bienal de São Paulo
junto a Flávio de Carvalho e Tarsila do Amaral
– em sua viagem preparativa daquela que seria
conhecida como a “Bienal de Guernica”. Quase
30 anos depois, foi ela, então seguindo carreira
no Itamaraty, quem apresentou o artista Julio
Villani ao casal. Eu entrei no elo do carinho em
seguida, através dele. [Julio e Betina são com-
panheiros desde então]
Recém chegado a Paris, Julio recebera de
Piza e Clelia a mesma acolhida calorosa que FOTOS: ALÉCIO DE ANDRADE, ADAGP PARIS, 2021 | ARQUIVO PESSOAL
reservavam a tantos artistas brasileiros nos
anos 1980. Para além da generosidade de ambos,
essa tradição era a extensão de um engajamento
que começara nos anos 1960: o casal foi uma
das âncoras de uma rede de solidariedade para
No topo, Arthur Piza e Lygia Clark com a obra Cabeça Coletiva, da com os exilados brasileiros, radicados na França
artista (1975); no centro, Jérôme Benitta, Clelia, Arthur Piza e Fabricio após o golpe de 1964.
Lopez (2015); abaixo, Piza e Sérvulo Esmeraldo em Paris
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