Page 29 - ARTE!Brasileiros #56
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Fotografia de José Thomaz de Camargo (1930), parte da exposição Mundos do
Trabalho, retrata trabalhadores na construção da linha férrea Mayrink-Santos
De certa forma, essa ampliação da visibilidade às “A gente acha que o museu é um lugar privilegiado
diferentes camadas estruturais, presentes no projeto para se estudar a dimensão material da sociedade.
arquitetônico, reverbera também no amplo processo Como essa materialidade ajuda a construir as coisas,
de reconfiguração do próprio projeto museológico, que as nossas relações”, explica Vânia Carneiro de Carvalho,
se articula em torno de uma clara tentativa de iluminar coordenadora do novo plano expositivo, lembrando que
FOTOS: HELIO NOBRE / JOSÉ ROSAEL / ACERVO MUSEU DO IPIRANGA
as várias dimensões históricas, sociais, culturais que se já faz muito tempo que o Museu Paulista deixou de lado
entrecruzam nessa instituição mais do que centenária. a historiografia baseada nas grandes personalidades.
Do prédio-monumento, pensado no final do século 19, “Nós procuramos trabalhar o museu como um lugar de
à configuração atual de museu de história moderno, exercícios, de desafio das imagens e das memórias
baseado no estudo da cultura material, muitas camadas que elas teriam que representar”, complementa Paulo
se sobrepõem. Num esforço conjunto dos cinco docen- Garcez Marins, atual chefe do Departamento de Acervo
tes responsáveis pela curadoria da instituição e de uma e Curadoria.
ampla equipe de pesquisadores, técnicos, educadores
e estudantes, estruturou-se um novo formato para as as exposições
mostras. Serão 11 exposições permanentes, uma grande As mostras de longa duração se articularão em torno de
mostra temporária e uma série de atividades paralelas a dois eixos: “Para entender a Sociedade” e “Para Entender
serem selecionadas por meio de editais, chamadas de o Museu”, olhando ao mesmo tempo para importantes
“contrapontos”, para dialogar com o acervo. aspectos da vida cotidiana, como o mundo do trabalho,
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