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EXPOSIÇÕES SÃO PAULO
AS TRAMAS
VISUAIS DE
MARIANA PALMA
A artista mostra um resumo coeso de sua produção
em exposição no Instituto Tomie Ohtake
por maria hirszman
um Dos Destaques da jovem pin- inusual, criando harmonias precisas, e livre dos preceitos da ciência.
tura brasileira, movimento que sur- porém instáveis, ora preenchendo Ela apresenta ao público compo-
giu com força nos primeiros anos todos os espaços numa composição sições inusitadas, como uma mescla
do século 21, Mariana Palma mostra, claustrofóbica, ora submergindo-os improvável entre uma pena de pavão
no Instituto Tomie Ohtake, um con- num vazio intrigante. e uma concha, em associações de
junto amplo e impressionantemente Em suas pinturas, os campos um erotismo sugestivo e que pare-
coeso de trabalhos, construídos ao são trabalhados com requinte e cem pautadas por uma premência
longo de uma carreira que já dura se sobrepõem, se interpenetram, em captar o momento preciso entre
duas décadas. Explorando múlti- criando múltiplos planos de sedu- a vida e a morte, o desabrochar e o
plas linguagens, mas atenta a um ção. Como escreve Paulo Reis, sua fenecer. Não por acaso a curadora
universo muito familiar de questões, obra é uma “pintura de ourivesaria”. Priscyla Gomes associa em seu texto
motivos e referências, a artista con- Nos desenhos, vídeos e fotografias, o conjunto de obras de Mariana com
segue ao mesmo tempo seduzir e o processo parece inverter-se e o o mito de Orfeu e Eurídice, subli-
confundir o público. vegetal representado reina sozi- nhando a fugacidade e intensida-
Como uma espécie de ilusio- nho no centro de um grande vazio de do encontro, o equilíbrio que
nista, Mariana parte sempre de branco (leite) ou negro (azeite), de em vários trabalhos Mariana tenta
elementos aparentemente saídos forma a amplificar os detalhes como encontrar entre a vitalidade do novo
de uma intimidade associada ao nos desenhos ricamente trabalha- e a certeza da finitude.
feminino: flores, folhas, brotos, teci- dos dos cientistas viajantes. Com Além das claras remissões aos
dos, peles, azulejos, abstrações que a diferença que Mariana apenas grandes mestres do desenho de
remetem aos papéis marmorizados, aparenta buscar a fidelidade, quan- botânica como Albrecht Dürer e
valorizados nas capas dos livros do na verdade reconstrói a natureza Margareth Mee, são múltiplas as
antigos. E os combina de maneira por meio de um olhar bem pessoal referências que ela faz à história
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