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VISTA DO ESPAÇO DA GALERIA REOCUPA, QUE RECEBE A EXPOSIÇÃO O QUE NÃO É FLORESTA É PRISÃO POLÍTICA.
seja na cozinha, seja em outras funções. Mas não Mas o essencial realmente é perceber como essa
necessariamente. Quem inaugurou o espaço, aliás, exposição dá início a uma nova chave de posi-
foi o carioca Nelson Félix, no ano passado, para- cionamento artístico, estimulado através de uma
lelamente à sua presença na Bienal de São Paulo, rede de colaboração fora do circuito institucional
a convite do Aparelhamento. tradicional e longe do circuito comercial conven-
A atual mostra levou quatro meses para ser con- cional de galerias e feiras, porque lá há obras
cebida e, como o nome indica, parte de duas vendidas para manutenção do espaço e auxílio à
questões bastante atuais: a floresta como espaço ocupação, apontando que é possível se repensar
de sobrevivência frente às queimadas e ao geno- a relação de vendas na arte. Nesse sentido, a
cídio indígena, e as atuais prisões políticas, que Galeria Reocupa se soma a outras estratégias
vão de Lula a outras lideranças populares, como envolvendo artistas, como a Casa Chama, em
Preta Ferreira, filha de Carmem Silva, do MSTC. São Paulo e Lanchonete<>Lanchonete, no Rio de
Não por acaso, obviamente, Lula, Carmem e Janeiro. Se os tempos atuais parecem pesadelos
Preta são lembradas neste cenário, presentes em constantes, O Que Não é Floresta é Prisão Política
diversos trabalhos, incluindo aí obras de Surpresinha mostra que o sonho ainda tem espaço e pode ser
de Uva, o nome dado para quando a autoria não viável. E dona Irene ainda se despede sorrindo
é essencial e uma obra é criada coletivamente. com um convite: “Volte Sempre!”
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