Page 42 - ARTE!Brasileiros #46
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RESIDÊNCIAS PIVÔ






             A ARTE PRECISA


             DE IDENTIDADE





             RESIDENTE NO PROGRAMA DE PESQUISA DA
             PIVÔ, FERNANDA FEHER SÓ SE ENCONTROU
             AO UNIR A ARTE COM A MILITÂNCIA


             POR PATRICIA ROUSSEAUX







             O ESPAÇO PIVÔ, sediado no ilustre edifício Copan,
             no centro de São Paulo, reforça cada vez mais seu
             compromisso em incentivar investigações e experi-
             mentos na arte, acolhendo artistas, curadores e pes-
             quisadores em programas que oferecem. Um deles, o
             Pivô Pesquisa, se destina a residências oferecidas ao
             longo do ano a brasileiros ou estrangeiros emergen-
             tes, moldadas de acordo com o que busca cada um
             que se inscreve, com duração de aproximadamente
             três ou quatro meses cada.
             Nos quase seis anos desde sua criação, participaram   NO ESPAÇO PIVÔ, ONDE FAZ UMA RESIDÊNCIA POR QUATRO MESES, FEHER
             145 artistas de 20 países diferentes, promovendo   TRABALHA NO SEU PROJETO AS MULHERES DE LÁ, NO QUAL RETRATA MULHERES
             atividades que permitem importantes trocas entre   QUE VIVEM NO QUÊNIA, ONDE A MUTILAÇÃO GENITAL DE MULHERES QUE FOI
             os próprios participante, mas também com agentes   PROIBIDA RECENTEMENTE AINDA PRECISA SER EXPLICADA
             externos, sejam eles críticos de arte ou o próprio
             público. Além disso, o programa dispõe de uma série
             de parcerias institucionais, que permitem intercâm-  ARTE!Brasileiros: Quando você decidiu que queria ser artista?
             bios valiosos, como com a CPPC (Colección Patricia   FERNANDA FEHER: Passei a adolescência desenhando e pintando, até
             Phelps de Cisneros), o British Council, o Matadero   que meu seu diretor de teatro me disse: “Você tem que estudar
             Madrid, o Centro Cultural São Paulo e a ArtRio.  pintura”.  Foi assim que sai do Brasil e estudei dez anos no PRATT
             Na primeira residência de 2018, participam 13 artis-  Institute, no Brooklin, Nova Iorque, onde firmei minha vocação.
             tas. São eles:  Adrián S. Bará, Anna Costa e Silva,   Porém, sempre fui idealista, ativista. Me envolvia no dia a dia
             Carolina Cordeiro, Carolina Maróstica, deco adjiman,   com preocupações sociais e políticas. Na época, tinha a Fernanda
             Fernanda Feher, Gilson Rodrigues, Leandra Espírito   pintora e a Fernanda ativista. Fazia trabalhos voluntários. Era
             Santo, Maya Weishof, Renan Marcondes, Rui Dias   uma divisão que me incomodava. Com o tempo criei o projeto “As
             Monteiro, Tomaz Klotzel e Vanessa da Silva.   mulheres de lá”, onde consegui sintetizar minha verdadeira voca-
             ARTE!Brasileiros conversou com a artista Fernanda   ção, trazer histórias para dentro da minha obra. Fiquei aliviada.
             Feher, nascida em São Paulo e que atualmente mora   A!B: Como você criou este projeto?
             em Portugal, sobre a temática do projeto que desen-  Comecei a pesquisar a África e ver onde poderia colaborar. Fui
             volve no Pivô:                              primeiro para Tanzânia, numa escola de uma canadense que dava


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