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FEIRAS ART BASEL
Miami Beach, mas também integra ao time obras
de Xavier Veilhan, Hélio Oiticica e José Patrício.
A paulistana Bergamin & Gomide irá apostar em
obras de Jac Leirner, Rivane Neuenschwander, Jim
Hodges, Lorenzato e Mira Schendel.
Participando do setor Discoveries com a galeria
Commonwealth and Council, de Los Angeles, a
brasileira Clarissa Tossin, representada no Brasil
pela Galeria Luisa Strina, apresentará alguns tra-
balhos que desenvolveu recentemente. Partindo de
ideias levantadas pela escritora Octavia E. Butler
na triologia Xenogenesis (1989), Tossin traz à luz
“uma materialidade pós-apocalíptica” que envolve
as questões ecológicas do planeta, considerando
“as tradições estéticas das pessoas nativas da
Amazônia em relação à cultura contemporânea
de mercadorias”. Destaque também para o artista
Rirkrit Tiravanija, nascido na Argentina, que estará
exibindo uma obra sem título, de 2018, feita de
folha de ouro escrita em caracteres chineses, que
pode ser traduzido como “Estamos sonhando sob
a mesmo céu”, colado em um jornal.
O evento em Hong Kong terá a participação de XAVIER VEILHAN, MOBILE N°8 2017
242 galerias, de 35 países. Num movimento que
também demonstra um pouco dessa regionalização A BRASILEIRA CLARISSA TOSSIN é um dos destaques
das edições da feira, o setor Kabinnet terá foco do setor Discoveries da Art Basel Hong Kong, sendo repre-
em artistas da Ásia, apresentando tanto nomes já sentada pela galeria Commonwealth and Council, sediada
consagrados quanto artistas em ascensão. Serão, em Los Angeles. Apresentando uma nova leva de trabalhos.
ao todo, 21 apresentações conceituais em espaço Em 2018, Tossin já tinha exposto na cidade asiática, convi-
delimitado e com curadoria especial dentro dos dada a exibir a obra em vídeo Ch’u Mayaa (2017) na mostra
estandes. Destaques para Simon Starling no The Emerald City (2018) na K11 Art Foundation.
Modern Institute e Joan Miró, na Galeria Lelong. A artista falou à ARTE!Brasileiros sobre o trabalho que apre-
No setor Film, o artista multimídia e produtor de senta na ABHK 2019:
filmes Li Zhenhua separou 27 obras de cinema e
vídeo que abordam o contexto sociopolítico atu- A!B: Como o livro de Octavia Butler inspirou você nesses trabalhos
almente, incluindo trabalhos que foram exibidos para o Basel Art HK?
em grandes festivais, como Spring Fever, de Lou CLARISSA TOSSIN: Os trabalhos apresentados na Art Basel
Ye, que chegou ganhar o prêmio de melhor roteiro Hong Kong são parte de um trabalho maior que surgiu do
em Cannes em 2009 e Dong, de Jia Zhangke, meu interesse no uso de tradições indígenas amazônicas de
exibido no Venice International Film Festival e Octavia E. Butler em sua trilogia de ficção científica Xeno-
no Toronto International Film Festival em 2006. genesis (1987-89), onde a Amazônia se torna o local para
Em Conversations, o destaque fica por conta da uma nova civilização de híbridos humano-alienígenas, os
conversa entre diversos curadores que produziram Oankali, após o colapso ecológico autoinfligido da Terra. Eu
exposições com base na geografia asiática “dis- amo a figura do Ooloi na série de Butler, eles são o terceiro
cutindo o formato de exposição como um modo sexo indeterminado do Oankali que, na minha opinião, incor-
de fazer mapas que buscam novas compreensões, poram certas características de um xamã nativo, dada sua
perspectivas e des/conexões em uma região com- capacidade de armazenar toda a informação genética que
posta de muitas regiões”.
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