Page 30 - ARTE!Brasileiros #41
P. 30
FEIRA MIAMI ART BASEL
Ricardo Camargo com a sobrinha do artista, Patrí- transgride, não se deixa domesticar, e que agora está acessível,
cia Lee, em espaço anexo à galeria de Ricardo, no em escala reduzida, quase uma réplica da charmosa casa/
Jardim Paulistano. Uma visita ao Instituto coloca ateliê da av. João Dias, espaço de originalidade e criatividade
o público em contato com o cotidiano do artista, sedutoras.
repleto de peças singulares, como o famoso bar Com acesso ao público, o Wesley Duke Lee Art Institute foi
onde ele fazia as refeições, além de obje- criado, na concepção de Camargo, como um espaço para
tos pessoais, como pincéis, livros, discos quem quiser ter contato com o realismo mágico, por meio da
e também pinturas, gravuras, desenhos e biblioteca, organização dos objetos nas paredes e do banco
muitas fotos. A questão cen- tral é com- de dados com 6.000 documentos. Um dos objetivos do Wes-
preender uma produção que incomo da , ley Duke Lee Art Institute é produzir um catálogo raisonné,
para preservação e autenticidade de sua obra.
A produção de Wesley é atemporal e transita
entre a origem do homem, a sexualidade, a
morte, o erotismo e tem a densidade tão forte
quanto seu cosmopolitismo vivido entre Brasil,
Estados Unidos, Europa e Japão.
Agora, durante a Art Basel de Miami, um
público especializado, vindo dos quatro can-
tos do planeta, pode ter contato com alguns
trabalhos e móveis do estúdio de Wesley. A
mostra, organizada por Ricardo Camargo e
Patrícia Lee, tem a participação efetiva da galeria
paulistana Almeida & Dale. Camargo está empe-
nhado na mostra que ocupa um estande de 36
metros quadrados no setor S3 da Feira, onde o
expositor só pode exibir um artista. “Escolhemos o Wes-
ley e vamos mostrar nove obras além do seu cavalete
principal, um móvel de apoio do estúdio, a máscara de
quando ganhou o prêmio na 8º Bienal do Japão, de 1969,
fotos, entre outros itens”.
A escolha de obras de várias fases proporciona uma
panorâmica da produção de Wesley, como o Capacete
do mestre Khyrurgos 1962, o mais antigo entre os
trabalhos desta mostra, que marca o nas-
cimento de duas fortes tendências em
sua obra: o experimentalismo de cunho
mitológico e a colagem. Outra obra
pontual é Zona: I Ching, 1964, óleo
e colagem s/ tela, que faz parte da
série I Ching, composta de seis obras.
Com ela, o artista esteve na Wesley
Duke Lee Exhibition, na Tokyo Gallery,
em 1965, grande momento de sua tra-
jetória, quando vive no Japão por oito
meses, e na The Emergent Decade: Latin
American Painters and Paintings in the
30
Book_ARTE41.indb 30 11/29/2017 4:51:11 AM