Page 18 - ARTE!Brasileiros #42
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ENTREVISTA BIENAL DE SÃO PAULO
BIENAL APAGA FRONTEIRA
ENTRE ARTISTAS E CURADORES
EM BUSCA DE UM OLHAR ATENTO E AFETIVO PARA A ARTE, GABRIEL PÉREZ-BARREIRO
APOSTA NUM COLETIVO PARA A 33 BIENAL DE SÃO PAULO
A
POR MARIA HIRSZMAN
GABRIEL PÉREZ-BARREIRO, ESPANHOL, VIVE ENTRE SÃO PAULO E NOVA YORK, EUA, É DOUTOR EM HISTÓRIA E TEORIA DE ARTE PELA UNIVERSIDADE
DE ESSEX (REINO UNIDO) E MESTRE EM HISTÓRIA DA ARTE E ESTUDOS LATINO-AMERICANOS PELA UNIVERSIDADE DE ABERDEEN (REINO UNIDO).
A PRÓXIMA Bienal de São Paulo pro - exposição como um todo, ao convidar sete
mete esfacelar uma série de modelos há artistas para assumirem, ao seu lado, a
muito vigentes. A primeira das institui- curadoria do evento.
ções a ter sua tradição arranhada é a do Em outras palavras, elimina-se a clás-
curador-autor. Desde pelo menos a 23 a sica fronteira entre curadores e artis-
edição do evento, a mostra se organiza tas. “Acho que esses dois termos são
em torno de um projeto pessoal, muitas equivalentes”, faz questão de esclarecer
vezes imposto de fora, de uma ideia dire - Pérez-Barreiro. “As imposições são pou-
tora de um único responsável, que no cas e são de ordem apenas burocrática,
máximo dividia as responsabilidades com relativas a questões como orçamento
uma equipe de assistentes. Incomodado – igual para todos –, ter de inserir sua
com isso, Gabriel Pérez-Barreiro resolveu própria obra na exposição e não interferir
inverter um pouco as coisas. Ele diluiu em na ‘ilha’ do outro”, explica. Ilha é como FOTOS PEDRO IVO TRASFERETTI / FUNDAÇÃO BIENAL DE SÃO PAULO
seu projeto não apenas a ideia de conceito tem sido chamados os núcleos concebi-
norteador, adotando como mote a noção dos por Alejandro Cesarco, Antonio Bal-
bastante aberta da “Afinidade Afetiva”, lester Moreno, Claudia Fontes, Mamma
mas sobretudo horizontalizando de forma Anderson, Sofia Borges, Waltercio Caldas
radical não apenas a concepção, mas a e Wura-Natasha Ogunji. De diferentes
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