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ele “plantou” no Museu da Casa Brasileira, em uma
exposição com curadoria de Agnaldo Farias.
Em Ajuntamentos, seus troncos sustentados por
bengalas são, novamente, estruturas, mas já “não tão
confiáveis”, desequilibradas pelas próprias intervenções
do artista, diz Tostes, seja pelo corte quanto pela tentativa
de reconstrução “daquilo que não mais está lá”, ou seja,
as árvores de onde vieram.
Tostes faz questão de ressaltar que Luciana Brito foi
uma importante interlocutora no processo de criação
de Ajuntamentos, tanto em São Paulo quanto em Porto
Alegre. Já a galerista afirma que costuma trabalhar
sempre de modo próximo aos artistas: “Eu lido muito
deste jeito com os artistas que represento. É como uma
parceria, em que conversamos sobre o projeto, ajudo
com minha experiência com montagens etc.”, explica
Luciana. “Ao mesmo tempo, eu dou muita liberdade
aos artistas. Eles fazem suas exposições exatamente
como planejaram”.
Parte desta parceria com Luciana Brito, que frequen-
tava de modo recorrente o estúdio do artista, garantiu
a Tostes a possibilidade de produzir suas peças, em
especial os grandes troncos de madeira, em São Paulo,
numa oficina que a galerista conseguiu prover. Também
na Fundação Iberê Camargo, conta Luciana, a galeria
foi bastante participante na instalação das obras de
Tostes. “É preciso ressaltar que o Emilio Kalil também
Obras sem título, de Afonso Tostes, presente em “Ajuntamentos” dá muita abertura para essas colaborações. Ao fim, foi
um trabalho feito a seis mãos”, pondera.
Luciana salienta ainda que Ajuntamentos ampliou o
numa estrutura mercadológica. “Uma estrutura também leque artístico Afonso Tostes. “Ele abriu várias frentes
mais ampla, que define o que é arte contemporânea, em em ambas exposições. Os trabalhos com jornais, que não
contraponto a informações que vêm de um lugar que não haviam sido mostrados em São Paulo, são um exemplo.
se relaciona com a arte como um produto, a ser exibido Já as esculturas são todas inéditas e as pinturas estão
dentro de contextos mercadológicos, por sua vez, e por fazendo muito sucesso porque ele sempre foi mais
isso historicamente aceitos”. conhecido como escultor. Inclusive do ponto comercial
Além das esculturas de madeira, Ajuntamentos apre- podemos afirmar que a gente vendeu superbem”.
senta a série Reforma, com telas feitas a partir em que o Ainda que haja novidades em Ajuntamentos, Luciana
pó da madeira, que resulta do lixamento das esculturas, faz questão de ressaltar que há sempre muita coerên-
faz as vezes de “tinta”. Na Fundação Iberê Camargo, cia, desde sempre, no trabalho de Tostes. “Ele tem
Tostes acrescenteu novos trabalhos à mostra original, uma investigação muito própria, em que se utiliza de
feitos in loco, durante duas temporadas em Porto Alegre, materiais que vai encontrando e recolhendo, algo que
a exemplo de duas xilogravuras e uma série de gravuras. também vale para as ferramentas que usa. Dentro desse
Tostes ressalta que a busca por uma ideia de essência universo, que pode parecer limitado, ele consegue uma
e de simplicidade percorre toda a sua obra. Em texto variação superimportante de narrativas sobre a nature-
feito para a exposição na Fundação Iberê Camargo, o za”, argumenta. No panorama da arte contemporânea
artista afirma que tenta “encontrar beleza na poética brasileira, afirma Luciana, Tostes tem uma presença
mais simples possível”. Isso, diz ele, é evidenciado em de destaque, com um trabalho muito singular, em que
sua relação com estruturas – em criações anteriores, é fiel à sua pesquisa como artista, desde os anos 1980
um exemplo disso é o “jardim de ossos” que em 2010 ou mesmo um pouco antes.
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