Page 123 - ARTE!Brasileiros #49
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Sábado de Ostras
no La Frontera
A partir das 12h
As ostras de Hemingway
Ernest Hemingway ficou famoso pelos livros que escreveu, pelos prêmios que ganhou – um Pulitzer e um Nobel entre eles –, pela vida que
levou. Seus quatro casamentos, as guerras que cobriu como jornalista e pelo que bebeu e comeu. O daiquiri do Floridita, em Havana, o rum
Saint James, da Martinica, as ostras em Paris, no café da Place Saint-Michel.
O trecho abaixo é reproduzido de Paris é Uma Festa (A Moveable Feast, no original), livro autobiográfico das memórias de Hemingway da
década de 20, quando conviveu com Picasso, Gertrude Stein, Ezra Pound. Depois de ler é dificil não ter vontade de ostras com vinho branco:
“Fechei o caderno, coloquei-o no bolso de dentro, pedi ao garçon uma dúzia de portugaises e meia garrafa de vinho branco seco
da casa. Depois de escrever um conto sentia-me sempre vazio, e, simultaneamente, triste e feliz, como se tivesse acabado de me
entregar ao amor físico. Estava convicto de que o conto que acabara de escrever era muito bom, embora não soubesse o quanto,
até lê-lo de ponta a ponta no dia seguinte.
Comi as ostras, que possuiam forte gosto de mar e um leve travo metálico que o vinho branco gelado lavava, deixando somente
o gosto de mar e a suculenta textura. À medida que ia sorvendo o líquido frio de cada concha e o fazia descer acompanhado do
estimulante sabor do vinho, o sentimento do vazio foi me abandonando e me vi de novo feliz, cheio de planos“.
Tempos depois, ainda na década de 20, a ostra portugaise, cujo nome científico é Ostrea Angulata, foi vítima de uma epizootia na França.
A doença atacou a produção e as portugaises foram, então, substituídas pelas Crassostrea Gigas, as ostras do Pacífico, mesma família das
ostras de Santa Catarina.
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