Page 34 - ARTE!Brasileiros #38
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ARTE URBANA  SÃO PAULO















































             IMAGEM DE TRÊS TRABALHOS NA ZONA NORTE DE SÃO PAULO, EM SANTANA, REVELA QUE GRAFITEIROS
             COSTUMAM ATUAR COLETIVAMENTE  E EM SINTONIA UM COM A PRODUÇÃO DO OUTRO


             ruas do Cambuci, hoje, revelam a presença marcante   mandou para seu suposto criador. Partilhar e compar-
             de Thiago Noise em suas ruas e mesmo na fachada de   tilhar desestabiliza possíveis buscas por autoria – como
             prédios e casas. Ele residiu naquele bairro por ape-  se todos os autores fossem um.
             nas um ano. Foi há um mês que retornou ao Grajaú,   Bem próximo ao metrô Carrão há um exemplo emble-
             onde seus trabalhos também são bastante frequentes.   mático da potência social do grafite. No muro de uma
             Para Noise, uma das proposições do exercício do grafite   residência, há um desenho com pelo menos três assina -
             é “redesenhar o espaço onde ele é criado” e também   turas: ABL (um jogo com Academia Brasileira de Letras),
             “explorar a cidade para conhecê-la”, além de estimular   VIP (Vai i Pinta) e TK (todo canto crew). São assinaturas
             o convívio. Ele nos apresenta conceitos de território   não de artistas mas de coletivos. Nick Alive, grafiteiro
             bastante familiares para quem estuda arte contempo-  que participa dos dois últimos deles, conta que  “crews
             rânea. Acha, por exemplo, que o trânsito por territórios  representam ideias”, tanto no que se refere a temas
             é fundamental no processo de criação de uma obra.   quanto a linhas estéticas.
             “Grafite muitas vezes é um encontro de amigos, é um   O trabalho de Nick foi registrado no projeto Entre Linhas
             momento de socialização”, diz. Desenhos e murais feitos   Urbanas, plataforma de mapeamento do trabalho de
             em parceria são uma constante. “E acontece também   grafiteiros por regiões de São Paulo no Instagram e
             que o desenho que um artista não acabou acaba sendo   que vai virar livro. O projeto divulga 96 grafiteiros de
             completado por outro”, ele exemplifica. Noise diz que já  96 bairros e é assinado pela produtora de arte inde-
             copiou trabalhos de amigos, assinou com o nome que   pendente Sê-Lo. Para ver, pesquise na Internet. Ou vá
             não era seu, fotografou o desenho depois de pronto e   para as ruas!


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