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Testemunha Ocular: IMS lança site dedicado ao fotojornalismo

Gilberto Gil no III Festival de Música Popular - São Paulo, SP, 1967 Crédito: Walter Firmo / Acervo Instituto Moreira Salles
Gilberto Gil no III Festival de Música Popular - São Paulo, SP, 1967 Crédito: Walter Firmo / Acervo Instituto Moreira Salles

Novo site lançado pelo Instituto Moreira Salles, o Testemunha Ocular, procura ressaltar a importância do fotojornalismo na documentação da realidade brasileira e na construção da memória nacional. Projeto parte da forte presença do fotojornalismo no acervo do IMS, que reúne desde coleções autorais até o acervo fotográfico dos jornais dos Diários Associados do Rio de Janeiro, adquirido em 2016.

O portal recém-lançado é destinado tanto a pesquisadores quanto ao público em geral, que pode navegar pelas histórias, imagens e reflexões ali reunidas, por exemplo dossiês, ensaios críticos, depoimentos em vídeo. 

A concepção do projeto é do jornalista Flávio Pinheiro, que atuou como superintendente-executivo do IMS entre 2008 e 2020. O jornalista Mauro Ventura assina a edição do site, e o fotógrafo Leo Aversa, por sua vez, foi responsável pela edição de imagens durante a criação do projeto.

Testemunha Ocular está dividido em seis seções. A primeira apresenta a produção e trajetória de fotojornalistas cujos acervos estão sob a guarda do IMS. Inicialmente, estarão presentes seis nomes: José Medeiros, Luciano Carneiro e Henri Ballot, todos profissionais que pertenceram aos quadros da revista O Cruzeiro, Evandro Teixeira, Custodio Coimbra e Walter Firmo, cuja obra atualmente está em cartaz em exposição no IMS Paulista. Para cada um, há uma página no site, contendo sua biografia, uma amostra de 50 imagens e dossiês bibliográficos.

Já a seção seguinte, intitulada “Em Foco”, traz o trabalho de 44 fotojornalistas de diversas regiões do Brasil, com idades, trajetórias e perspectivas distintas, que não integram o acervo do IMS. A seleção inclui dois grandes nomes da imprensa brasileira que faleceram neste ano: Orlando Brito, que atuou por mais de cinco décadas registrando o cotidiano do poder em Brasília, e Erno Schneider, conhecido especialmente pela popular foto de Jânio Quadros com as pernas enroscadas. No conjunto, estão tanto tanto fotojornalistas veteranos, como Reginaldo Manente, Rosa Gauditano e Hélio Campos Mello, quanto jovens em ascensão, como Gabriela Biló, Júlio César, Felipe Dana e Victor Moriyama. Há também profissionais de diferentes estados, incluindo o gaúcho Ricardo Chaves, as pernambucanas Hélia Scheppa e Ana Araújo, a mineira Isis Medeiros e o baiano Renan Benedito, entre outros. Todos os contemplados têm uma página no site, com a biografia e uma seleção de 20 imagens.

Confira mais aqui.

Um encontro entre xilogravura e graffiti

Vista da exposição Xilograffiti, no Sesc Consolação. Foto: Evelson de Freitas
Vista da exposição Xilograffiti, no Sesc Consolação. Foto: Evelson de Freitas

De um lado, cordéis; do outro, zines. Enquanto acontece um duelo de repentistas em uma praça, na quebrada rola uma batalha de slam. Ao que a goiva sulca a madeira, o estilete corta a máscara do stencil. “Mais do que linguagens artísticas, a xilo e o graffiti transformaram-se em símbolos culturais que atraem artistas e públicos engajados na sua perpetuação”, explica Baixo Ribeiro, curador de Xilograffiti, exposição que busca mostrar como apesar de aparentemente distantes por seus contextos de origem, graffiti e xilogravura fazem parte de culturas que se conectam.

Organizada em seis núcleos temáticos – cordel raiz, cordel contemporâneo, xilo urbana, lambegrafia, tipograffiti e graffiti xilográfico – a seleção de obras contempla uma diversidade no que diz respeito a territorialidade, técnicas, dimensões e processos. Porém, os trabalhos apresentam muitos pontos convergentes, em especial pelo caráter colaborativo de suas criações.

A arte!brasileiros visitou a mostra, em cartaz no Sesc Consolação, e conversou com o curador. Confira:

Participam da exposição J. Borges (PE); Lira Nordestina (CE); Samuel Casal (RS); Atelier Piratininga (SP); Turenko (AM); Paulestinos (SP); Oficina Tipográfica (SP); Romildo Rocha (MA); Derlon (PE); Xicra convida soupixo; Andréa Sobreiro e Carol Piene (CE); 23ª edição do Projeto Armazém – Mulher Artista Resiste (SC) e Lau Guimarães (SP).

“Muitos desses artistas e coletivos ainda fazem trabalho com a colaboração de outros artistas. Então, na verdade, é uma exposição de redes. São vários coletivos que se intersectam e se ampliam. Então se você me perguntar quantos artistas têm na exposição, direi que são cerca de 150 e mais você – o público”, diz Baixo Ribeiro. Isso, porque Xilograffiti traz uma série de ações interativas, onde o visitante pode utilizar carimbos, matrizes, cartazes e outros materiais para criar suas próprias obras e integrá-las à mostra.

Conforme explica o curador, essa articulação em rede se deu não só nos trabalhos expostos, mas também na elaboração da própria mostra. “Não é a exposição de um curador, nem de um artista, mas de muitas redes reunidas. Fomos desde a base da criação fazendo esse processo de articulação de redes”, compartilha.

Xilograffiti fica em cartaz no Sesc Consolação até 31 de julho de 2022 e pode ser visitada gratuitamente de terça a sábado, das 10h às 21h, e aos domingos e feriados, das 10h às 18h.

O grito das florestas, a eloquência das imagens

Indígena do povo Guarani, caminha em meio a floresta durante a noite, para combater o incêndio próximo a Aldeia Tekoa Itakupe na Terra Indígena Jaraguá, na zono oeste de São Paulo capital, 2020. Foto: Felipe Beltrame.
Indígena do povo Guarani, caminha em meio a floresta durante a noite, para combater o incêndio próximo a Aldeia Tekoa Itakupe na Terra Indígena Jaraguá, na zono oeste de São Paulo capital, 2020. Foto: Felipe Beltrame.

É inegável, mesmo para aqueles que fingem não ver, que o fotojornalismo está cada vez mais reassumindo seu lugar de destaque no mundo midiático e contemporâneo, como uma linguagem fundamental para a compreensão e reflexão do mundo. Passada a fase das “modinhas” estéticas, o fotojornalismo na sua aparente mudez se reapresenta e apresenta sua eloquência e sua força avassaladora. 

A fotografia como evidência histórica, como afirma o pesquisador Boris Kossoy: “Dentre as diferentes modalidades de informação transmitida pelas mídias, as imagens, em geral, constituem um dos sustentáculos da memória”. A fotografia jornalística traz para a história o conhecimento do cotidiano, da experiência das pessoas comuns. Se torna crítica da sociedade e, sem dúvida, causa impacto na reconstrução histórica. Elas são criadas para comunicar, querem nos contar alguma história. 

Um exemplo disso que estamos refletindo é a exposição TURI, sobre as queimadas que vem sistematicamente destruindo nossas florestas e biomas.

Imagens que se fazem necessárias neste mundo tão devastado, tão ferido e, por que não, desesperado. A Terra pede socorro! Nesta terra onde o meio ambiente, o habitat é cada vez mais desrespeitado, onde a cada dia somos inundados por notícias de tragédias climáticas, a ARFOC (Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Estado de São Paulo) nos traz uma exposição que, de forma sensorial, nos apresenta o desastre anunciado: as queimadas e a devastação das nossas florestas.

A ideia começou a ser desenvolvida quando a ARFOC foi convidada a participar do Festival de Fotografia de 2021, em Paranapiacaba. O tema daquele ano era água, mas eles ofereceram a outra ponta do problema, as queimadas, conforme nos contou o presidente da Associação Toni Pires. Tomaram conta de uma das casas da cidade e montaram uma exposição onde várias linguagens se misturavam, de fotografias, a vídeos, até gravações de sons: “A ideia era que as pessoas mergulhassem na tragédia desta devastação.”, relata Pires. É trazer para a visibilidade sensorial o que permanece muitas vezes distante, mediado por uma tela de computador ou televisão. Sair das imagens que escorregam para enfrentarmos imagens que nos tocam, que nos desafiam.

O filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, em seu livro A Salvação do Belo, nos propõe este desafio de sairmos de uma estética lisa, sem rugosidades, sem sobressaltos, sem ruídos, ou seja plana e sem afetividade para recuperamos as imperfeições, o espanto, a indignação. Sairmos dos likes das redes sociais para recuperar o valor da experiência. 

Assim é a exposição TURI, que em tupi-guarani significa fogo e todo seu saber ancestral. Nela, apresenta-se uma coletiva de 24 fotógrafos que, em diferentes épocas, registraram a destruição do ecossistema brasileiro: Amazônia Legal, Pantanal, Mata Atlântica. Profissionais da imprensa, agências internacionais, ativistas, documentaristas e fotógrafos independentes. Olhares com intencionalidades diversas. Narrativas históricas que se complementam e que se tornam, de certa forma, uma narrativa única.

A mostra teve a curadoria da própria ARFOC, que trouxe para o centro de São Paulo, na Odisseia Casa Cultural, luzes, cores, gritos, que de alguma forma nos tiram da anestesia para nos ajudar a entrar em outro universo. As fotografias de jornalismo que abandonam seu lugar de sagrado e se misturam – ampliadas em papel, tecido, ou qualquer outro suporte que se faça necessário – para uma comunicação mais efetiva. Como nos lembrava a pesquisadora francesa Martine Joly: “Somos consumidores de imagens; daí a necessidade de compreendermos como a imagem comunica e transmite suas mensagens; de fato não podemos ficar indiferentes a uma das ferramentas que mais dominam a comunicação contemporânea”. 

Serviço

Onde: Odisseia Casa de Cultura 
- Alameda Min. Rocha Azevedo, 463 – Cerqueira César
Quando: Até 5 de junho de 2022
Aberto para visitação: quintas e sextas-feiras – das 16h às 20h; sábados e domingos – das 14h às 19h
Entrada franca

 

Projeto maranhense propõe mergulho na multiplicidade da cena artística local

Foto de Genilson Guajajara que esteve na mostra do primeiro ciclo de ações do PREAMAR
Foto de Genilson Guajajara. Crédito: Divulgação

O vai e vem das marés faz parte do cotidiano de São Luís do Maranhão. Os ventos fortes e a abundância das águas são seguidos da retração do mar, permitindo que diferentes paisagens se mostrem em um só dia. A variação das marés maranhense é uma das maiores do mundo e se apresenta como símbolo de uma multiplicidade de cenários, fluxos, produções e dinâmicas espirituais que envolvem o estado. “Então o que é essa abundância? O que é essa potência, essa força desse lugar com tantas diversidades?”, provoca Samantha Moreira, uma das organizadoras do PREAMAR, novo projeto artístico da região. 

São essas algumas das questões que desaguam na iniciativa, que busca fomentar e dar foco à produção de artes visuais do estado nordestino a partir de uma articulação em rede. “É nesse mesmo sentido de força, continuidade e transformação, tão próprio das marés, que encontramos um elo para traduzir a longa e constante trajetória da produção maranhense. Um território potente, caracterizado pela riqueza das singularidades que se espraia, invade, transborda e torna-se global”, definem os articuladores. Mesmo a escolha da palavra que dá título ao projeto remete a esse movimento natural: preamar é sinônimo de ‘maré alta’. É na força dessa imagem que a iniciativa se constrói. 

Imersão coletiva

O início, em abril deste ano, se deu a partir de uma parceria entre quatro frentes: “o Chão SLZ, enquanto esse polo que sempre abria laboratórios [artísticos], experimentações e processos de formação; a Casa do Sereio, que é um espaço de residências em Alcântara (MA); a Lima Galeria, que é uma galeria privada, mas que tem um processo e um caráter muito experimental; e o curso de Artes Visuais da Universidade Federal do Maranhão, entendendo a necessidade de trazer o corpo de professores para a discussão desses projetos e os alunos para atuação e vivência”, explica Samantha. A idealização em coletivo permitiu uma conversa entre diferentes propostas, percepções e contextos, propondo que a diversidade maranhense se transpusesse no desenvolvimento do primeiro ciclo de ações.

Foi nele que as redes passaram a se expandir. Nas residências, vividas na Casa do Sereio, nos ciclos de conversa online e na exposição coletiva novos mergulhos passaram a compor PREAMAR. Um deles se deu junto às ceramistas de Itamatatiua, ao que as artistas Silvana Mendes e Tassila Custodes desenvolveram uma pesquisa com a comunidade maranhense, que fica a 50km de Alcântara e tem uma produção de cerâmica praticada há mais de 300 anos com peças que evidenciam o modo de vida quilombola “com sua resistência, ancestralidade e subjetividades”, explica o release. Os frutos dessas experiências foram expostos na primeira exposição do PREAMAR, junto a outros projetos.

A mostra se construiu simultaneamente no Chão SLZ, no centro histórico de São Luís, e na Lima Galeria, na Cidade Nova. Em ambas as sedes, a mostra conversa suportes e linguagens distintos, reunindo diferentes gerações de artistas, buscando compor um primeiro panorama da contemporaneidade no Maranhão. Nesses espaços, outras redes passaram a se estabelecer: de artistas e de públicos. Com curadoria dos organizadores do PREAMAR Frederico Silva, coordenador do Departamento de Artes Visuais da UFMA; Yuri Logrado, fundador da Casa do Sereio; Marco Lima, diretor da Lima Galeria; e Samantha Moreira, coordenadora Chão SLZ, a exposição reuniu trabalhos das Ceramistas de Itamatatiua e de Cláudio Costa, Dinho Araújo, Gê Viana, Genilson Guajajara, Ingrid Barros, Márcio Vasconcelos, Marcos Ferreira, Marlene Barros, Pablo Monteiro, Romana Maria, Silvana Mendes, Thiago Fonseca, Thiago Martins de Melo, Tassila Custodes, Tieta Macau, Ton Bezerra, Vicente Martins Jr. 

Baixa-mar

Esse primeiro ciclo se encerra no dia 3 de junho, com o fim da mostra coletiva. Porém, é desse momento de maré baixa que emergem as próximas ações. As residências, conversas e exposições já realizadas assumem forma de pesquisa; é de seus processos, das trocas com os artistas, das falas do público, das percepções geradas e do pensamento dessas redes já expandidas que passam a se desenhar os próximos passos do PREAMAR.

No segundo semestre de 2022 será lançada a plataforma online do projeto. O ambiente vem sendo pensando de forma a articular um processo de documentação dessa primeira ação e abrigar novas mostras, voltadas a uma produção audiovisual. Nesse aspecto, já está prevista uma individual virtual do cineasta maranhense Beto Matuck. Em paralelo, começa-se a desenhar uma exposição coletiva presencial com outros artistas. “A ideia é que periodicamente a gente tenha ações acontecendo no Chão SLZ, assim como dentro da universidade, na Lima Galeria e na Casa do Sereio. Então, seguem, na verdade, articulações de processos de formação contínuos”, conta Samantha Moreira.

Uma das principais frentes desse processo de formação são as residências. “A ideia é que, no segundo semestre, a gente abra outras residências para artistas do Maranhão e, a partir do ano que vem, comece a desenvolver essas atividades de forma ampliada, recebendo artistas de fora do estado”, declara Samantha. E complementa: “Entendendo que é muito importante que esse fluxo de artistas, pesquisadores e curadores de fora sempre esteja focado no processo de formação local”.

Para a organizadora, essa é uma demanda latente na cena artística maranhense. “A gente precisa desses processos de troca e de articulação local e também com o que acontece fora da ilha – que tem uma potência muito grande, mas tem necessidade de um processo de formação contínua tanto de uma poética de trabalho, como de formação e finalização de trabalho, como de processo de crítica, de curadoria, de produção, de montagem.” Assim, as marés de PREAMAR se encaminham a fluxos de fomento da potência local, a partir de uma rede de formação, e de inter-relação com outras cenas artísticas brasileiras e internacionais.

Inhotim: confira novas aberturas no museu mineiro

Raízes nº1: Tributo a Aguinaldo Camargo, 1987. Museu de Arte Negra - IPEAFRO. Divulgação Inhotim.
Raízes nº1: Tributo a Aguinaldo Camargo, 1987. Museu de Arte Negra - IPEAFRO. Divulgação Inhotim.

Inhotim inaugura no dia 28 de maio novas obras e exposições temporárias que trazem Isaac Julien, importante nome nos campos da instalação e do cinema, convidado a expor um de seus trabalhos mais emblemáticos na Galeria Praça. Já o Acervo em Movimento, programa criado para compartilhar com o público as obras recém-integradas à coleção, inaugura com trabalhos dos artistas brasileiros Arjan Martins e Laura Belém, ambos instalados em áreas externas do Instituto.

Jaime Lauriano também integra a lista dos artistas participantes da programação, e abre o projeto Inhotim Biblioteca. A instalação do artista mantém relação direta com o Segundo Ato do projeto Abdias Nascimento e o Museu de Arte Negra (MAN), ao propor a curadoria de uma nova bibliografia que contempla autores negros para integrar o acervo da biblioteca do Inhotim. Por último, instalado na Galeria Mata, o Segundo Ato do projeto, realizado em curadoria conjunta entre Inhotim e IPEAFRO, aborda o Teatro Experimental do Negro, movimento encabeçado por Abdias Nascimento, e que está nas origens do Museu de Arte Negra.

As inaugurações são parte do Território Específico, eixo de pesquisa que norteia a programação do Instituto no biênio de 2021 e 2022, pensada para debater e refletir a função da arte nos territórios a níveis local e global, e também a relação das instituições com seu entorno.

Confira os detalhes de cada abertura abaixo:

Looking for Langston, de Issac Julien

Em Looking for Langston um trabalho que une poesia e imagem, Isaac Julien parte de uma exploração lírica sobre o mundo privado do poeta, ativista social, romancista, dramaturgo e colunista afro-americano Langston Hughes (1902 – 1967) e seus colegas artistas e escritores negros que formaram o Renascimento do Harlem – movimento cultural baseado nas expressões culturais afro-americanas que ocorreu ao longo da década de 1920.

“Em 1954, Langston Hughes trocou correspondências com Abdias Nascimento, autorizando o Teatro Experimental do Negro a encenar suas peças. Nesse sentido, tanto Hughes, Abdias e Isaac Julien, cada um à sua época, buscavam representatividade e reconhecimento da produção artística e intelectual negra”, diz Julieta González, diretora artística do Inhotim.

Acervo em movimento: Arjan Martins e Laura Belém

São latentes nas obras de Arjan Martins conceitos sobre migrações e outros deslocamentos de corpos e presenças entre espaços de luta e poder, e ainda as diásporas e os movimentos coloniais que se deram em territórios afro-atlânticos.

Na instalação de Birutas (2021), Arjan expõe aparelhos destinados a indicar a direção dos ventos, que se fundem às bandeiras marítimas e seus códigos internacionais para transmitir mensagens entre embarcações e portos.

“Na fusão desses dois elementos, birutas e bandeiras náuticas, Arjan trata do trânsito de corpos através dos oceanos, do tráfico de pessoas escravizadas e das diásporas causadas pelos movimentos coloniais”, explica Douglas de Freitas, Curador do Inhotim.

No lago entre as Galerias Mata e True Rouge, o visitante vai se deparar com dois barcos a remo equipados com holofotes que se iluminam, frente a frente, na água. As luzes de um dos barcos se acendem, enquanto as do outro permanecem apagadas. Após 20 segundos, eles invertem. As luzes de ambos os barcos são então acesas simultaneamente e, ao final, todas se apagam até o ciclo se reiniciar automaticamente. Trata-se de Enamorados (2004), trabalho da artista mineira Laura Belém, exibido na 51ª Bienal de Veneza e que entra, então, em diálogo com a obra de Martins.

Segundo Ato do Museu de Arte Negra Abdias do Nascimento

Emanoel Araújo, Mulher com frutas na cabeça, 1966. Museu de Arte Negra - IPEAFRO. Divulgação Inhotim.
Emanoel Araújo, Mulher com frutas na cabeça, 1966. Museu de Arte Negra – IPEAFRO. Divulgação Inhotim.

O Museu de Arte Negra é um museu próprio dentro do espaço do Inhotim que traz a iniciativa sonhada por Abdias Nascimento (1914-2011) no início da década de 1950. O projeto parte do legado multidisciplinar de Abdias, poeta, escritor, dramaturgo, curador, artista plástico, professor universitário e parlamentar com uma longa trajetória trilhada no ativismo e na luta contra o racismo. Apresentado em quatro exposições temporárias, renovadas a cada cinco meses -, a realização do projeto no Inhotim se constrói com base nos aspectos de quatro Orixás, presenças constantes nas pinturas do artista, e na história e desdobramentos do Museu. Sob o signo de Oxóssi, guardião das matas e Orixá do trono do conhecimento, o Segundo Ato do projeto, intitulado Dramas para negros e prólogo para brancos, abarca um período marcado pelo teatro na formação artística e política de Abdias Nascimento, e na concepção inicial da coleção do Museu de Arte Negra, de 1941 até 1968 – ano em que Abdias iniciou o exílio nos Estados Unidos e na Nigéria.

Exibida na Galeria Mata, a mostra aborda o Teatro Experimental do Negro (TEN) – uma iniciativa da qual nasceu o Museu de Arte Negra, criado por Abdias Nascimento em 1944 -, que tinha como propósito central conquistar espaço para pessoas negras nas artes cênicas. A exposição traz ao público documentos sobre a trajetória do Teatro Experimental do Negro, pinturas de Abdias e trabalhos de artistas como Anna Bella Geiger, Heitor dos Prazeres, Iara Rosa, José Heitor da Silva, Sebastião Januário, Octávio Araújo e Yêdamaria, que integram a coleção do Museu de Arte Negra do IPEAFRO. As atividades do Teatro Experimental do Negro perduraram até 1968 e foi dentro de uma delas, o 1º Congresso do Negro Brasileiro, realizado na cidade do Rio de Janeiro em 1950, que surgiu o projeto Museu de Arte Negra.

Confira lista de artistas da 37ª edição do Panorama da Arte Brasileira do MAM SP

Artista integrantes do 37º Panorama de Arte Brasileira do MAM SP. Foto: Divulgação.
Artista integrantes do 37º Panorama de Arte Brasileira do MAM SP. Foto: Divulgação.

O Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM SP recebe a partir do dia 23 de julho o 37º Panorama da Arte Brasileira, “Sob as cinzas, brasa”, cuja comissão curatorial é composta por Claudinei Roberto da Silva, Vanessa Davidson, Cristiana Tejo e Cauê Alves. A exposição contará com trabalhos de 26 artistas e coletivos de diferentes regiões do Brasil, sobre essa seleção Claudinei Roberto da Silva afirma: “Acredito que o elenco de artistas selecionados espelha a diversidade das experiências do grupo curatorial”, segundo ele “as distinções de gênero, raça e classe que podem ser observadas nesta pequena comunidade de curadores criou uma fricção, que ao invés de promover divergências, foi importante à formatação dos conceitos que orientaram a seleção dos artistas”. Da mesma forma, a necessidade de rever a história brasileira a partir de novas análises políticas e sociais, da pluralidade de identidades de gênero, das lutas antirracistas e da relação humana com o meio ambiente são alguns dos temas recorrentes nas instalações, fotografias, pinturas, vídeos, esculturas e projetos do 37º panorama.

Para a curadora Cristiana Tejo, procurou-se “trazer nomes que não estão atualmente nos holofotes (ou pelo menos não estavam quando fechamos nossa pesquisa), para que o público possa conferir o Panorama com um certo frescor ao conjunto. Conseguimos reunir um grupo de artistas forte, potente e honesto. Acima de tudo estou muito feliz em poder fazer parte dessa jornada.”

Confira abaixo a lista de artistas que integram o 37º Panorama da Arte Brasileira – “Sob as cinzas, brasa”:

Ana Mazzei (São Paulo, SP, 1980 – vive em São Paulo)

André Ricardo (São Paulo, SP, 1985 – vive em São Paulo)

Bel Falleiros (São Paulo, SP, 1983 – vive em Nova York, EUA)

Camila Sposati (São Paulo, SP, 1972 – vive em Viena, Áustria)

Celeida Tostes (Rio de Janeiro, RJ, 1929 – idem, 1995)

davi de jesus do nascimento (Pirapora, MG, 1997 – vive em Pirapora)

Éder Oliveira (Timboteua, PA, 1983 – vive em Belém)

Eneida Sanches (Salvador, BA, 1962 – vive em São Paulo, SP) e Tracy Collins (Nova York, EUA, 1963 – vive em Nova York)  (LAZYGOATWORKS)

Erica Ferrari (São Paulo, SP, 1981 – vive em São Paulo)

Giselle Beiguelman (São Paulo, SP, 1962 – vive em São Paulo)

Glauco Rodrigues (Bagé, RS, 1929 – Rio de Janeiro, RJ, 2004)

Gustavo Torrezan (Piracicaba, SP, 1984 – vive entre Piracicaba, São Paulo e Castanho, AM)

Jaime Lauriano (São Paulo, SP, 1985 – vive entre São Paulo e Porto, Portugal)

Lais Myrrha (Belo Horizonte, MG,1974 – vive em São Paulo)

Laryssa Machada (Porto Alegre, RS, 1983 – vive em Salvador, BA)

Lidia Lisbôa (Guaíra, PR, 1970 – vive em São Paulo)

Luiz 83 (São Paulo, SP, 1983 – vive em São Paulo)

Marcelo D’Salete (São Paulo, SP, 1979 – vive em São Paulo)

Maria Laet (Rio de Janeiro, RJ, 1982 – vive no Rio de Janeiro)

Marina Camargo (Maceió, AL, 1980 – vive em Berlim)

Nô Martins (São Paulo, SP, 1987– vive em São Paulo)

RODRIGUEZREMOR (Denis Rodriguez [São Paulo, SP, 1977 – vive em Igatu, BA] e Leonardo Remor [Estação, RS, 1987 – vive em Igatu, BA])

Sérgio Lucena (João Pessoa, PB, 1963 – vive em São Paulo)

Sidney Amaral (São Paulo, SP, 1973 – idem, 2017)

Tadáskía (Rio de Janeiro, RJ, 1993 – vive entre o Rio de Janeiro e São Paulo, SP)

Xadalu Tupã Jekupé (Alegrete, RS, 1985 – vive em Porto Alegre, RS)

Sobre o Panorama da Arte Brasileira do MAM São Paulo

A série de mostras Panorama da Arte Brasileira foi iniciada em 1969 e coincidiu com a instalação do MAM São Paulo em sua sede na marquise do Parque do Ibirapuera. As primeiras edições do Panorama marcaram a história do museu por terem contribuído direta e efetivamente na formação de seu acervo de arte contemporânea.

Masp recua e propõe repor fotos de Sem Terra em exposição

O Museu de Arte de São Paulo. Foto: Marcelo Valente.
O Museu de Arte de São Paulo. Foto: Marcelo Valente.

O MASP (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand) recuou nesta sexta-feira, 20, na disposição de cancelar o núcleo “Retomadas”, das curadoras Sandra Benites e Clarissa Diniz, que fazia parte da mostra coletiva Histórias Brasileiras (a ser inaugurada no dia 1º de julho). A exposição foi cancelada pelas curadoras em maio após a instituição negar apoio para o empréstimo de obras que representavam o Movimento Sem Terra (MST). Em decorrência dessa atitude, que considerou censura, a curadora Sandra Benites, a primeira mulher indígena a integrar o grupo de curadores do Masp, pediu demissão do museu no último dia 17.

Em nota pública, o museu reconhece “erros”, lamenta o cancelamento e faz um apelo às curadoras para que retornem e retomem o projeto. “Nesse sentido, caso as curadoras concordem, propomos adiar a abertura da exposição e reorganizar o seu cronograma para que possamos incluir o núcleo Retomadas na mostra”, diz o texto, que não está assinado. Sandra e Clarissa, que está nesse momento na África, trabalhando, tendem a não aceitar a proposta. Elas passaram por um longo processo de desgaste nos últimos meses buscando garantir a integridade de sua curadoria.

O museu não reconhece o ato como de censura e também não fala explicitamente em reintegrar Sandra Benites, mas refere-se explicitamente às fotos do MST vetadas. “Por fim, iremos propor a incorporação ao acervo do Museu, das 6 fotografias de autoria de André Vilaron, Edgar Kanaykõ Xakriabá e João Zinclar, caso seja do interesse dos artistas, como registro da importância dessas imagens para a história do MASP e reconhecimento do trabalho desenvolvido pelas curadoras junto ao Movimento Sem Terra— MST”.

O reposicionamento do Masp frente ao episódio se dá após uma contundente tomada de posição do artista Cildo Meireles um dia após o pedido de demissão de Sandra. Cildo tirou três obras suas de uma exposição do mesmo núcleo Histórias Brasileiras. Eram elas: Mutações Geográficas: Fronteira Vertical (Yaripo), um projeto de 1969/2015; Buraco para jogar politícos desonestos, 2011; e a terceira uma bandeira produzida para a Campanha #usemareloparaademocracia, do jornal Folha de S. Paulo em 2020.

“Os movimentos sociais, as questões indígenas, a luta pela reforma agrária, entre outras manifestações, são temas importantes para mim enquanto artista e cidadão. Portanto, me sentiria constrangido em participar desse evento”, afirmou o artista. O recuo do museu também pode se dar pelo receio de que a atitude de Cildo causasse um efeito dominó, com diversos artistas da exposição coletiva retirando seus trabalhos em solidariedade às curadoras.

O Museu de Arte de São Paulo reconheceu que a mostra representa uma inflexão importante na representação artística de segmentos excluídos da sociedade, em sua nota. “O MASP está comprometido com a abertura de novos espaços de escuta, na certeza de que o que queremos é um Brasil mais plural, inclusivo e democrático – que só pode ser construído coletivamente, a partir do diálogo aberto, empático e colaborativo”.

LEIA A SEGUIR A NOTA DO MASP NA ÍNTEGRA:

NOTA SOBRE HISTÓRIAS BRASILEIRAS 20 de maio de 2022

O MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand vem a público com um novo posicionamento sobre o cancelamento do núcleo “Retomadas”, que fazia parte da mostra coletiva Histórias brasileiras, a ser inaugurada em 1o de julho próximo. A exposição faz parte da série de Histórias, que incluiu Histórias da sexualidade (2017), Histórias afro- atlânticas (2018), Histórias feministas (2019), entre outras.

O Museu tem refletido muito sobre o atual momento e, como um museu vivo, busca aprender com este episódio, inclusive observando falhas processuais e erros no diálogo com as curadoras Clarissa Diniz e Sandra Benites, responsáveis pelo núcleo “Retomadas”. A instituição lamenta publicamente o cancelamento do núcleo, tão importante para a exposição, e a saída das curadoras do projeto.

Pretendendo avançar para que episódios semelhantes não se repitam no futuro, estamos abertos a ouvir Benites e Diniz, com a finalidade de aprendermos com essa experiência e aprimorarmos processos e modelos de trabalho.

Nesse sentido, caso as curadoras concordem, propomos adiar a abertura da exposição e reorganizar o seu cronograma para que possamos incluir o núcleo “Retomadas” na mostra.

Outra medida que estamos propondo é a realização de um seminário público durante a exposição sobre o núcleo “Retomadas” com a participação das curadoras.

Por fim, iremos propor a incorporação ao acervo do Museu, das 6 fotografias de autoria de André Vilaron, Edgar Kanaykõ Xakriabá e João Zinclar, caso seja do interesse dos artistas, como registro da importância dessas imagens para a história do MASP e reconhecimento do trabalho desenvolvido pelas curadoras junto ao Movimento Sem Terra— MST.

O MASP está comprometido com a abertura de novos espaços de escuta, na certeza de que o que queremos é um Brasil mais plural, inclusivo e democrático – que só pode ser construído coletivamente, a partir do diálogo aberto, empático e colaborativo.

Bienalsur tem chamadas abertas para quarta edição

Imagem: Divulgação Bienalsur.
Imagem: Divulgação Bienalsur.

Até 27 de maio, artistas e curadores podem submeter trabalhos e/ou projetos curatoriais de pesquisa para integrar a programação da Bienalsur – Bienal Internacional de Arte Contemporânea do Sul. Todo o processo de candidatura é gratuito.

A Bienalsur tem entre seus propósitos contribuir desde o sul do mundo na criação de uma cidadania cultural. Seu formato particular e seu funcionamento colaborativo garantem que a arte de cada região não seja integrada ao cenário internacional como mera cota de diversidade, mas sim que se apresente em pé de igualdade com base em suas singularidades e posições relativas.

Como funciona a Chamada Aberta?

É possível se inscrever em 4 categorias diferentes: artista individual, artista de grupo, curador individual e curador de grupo. Para cada uma dessas categorias você pode fazer uma única apresentação.

A organização do evento disponibiliza um manual de instruções onde pode ser encontrado um guia passo a passo que orientará o participante no upload das informações necessárias. A plataforma permite que você salve e corrija suas aplicações quantas vezes quiser antes de enviá-los.

Terminado o período de inscrição, o conselho curador da Bienalsur avaliará as propostas que poderão seguir para a segunda etapa da seleção. A passagem para a segunda etapa da chamada não implica automaticamente a participação na Bienalsur 2023, mas reflete o interesse do conselho pela proposta apresentada e a possibilidade de acessar a segunda etapa de avaliação, a partir da qual os projetos que comporão a quarta surgirá edição da Bienalsur.

Com base em todos os projetos apresentados, o conselho curatorial da Bienalsur avaliará e buscará padrões comuns a partir dos quais serão traçados os eixos curatoriais que cruzarão a próxima edição. 

Alguns dos Eixos Curatoriais das edições anteriores foram: Consciência Ecológica, Modos de Habitar, Políticas de Arte, Trânsitos e Migrações, Constelações Fluidas, Questões de Gênero, Memórias e Esquecimentos e Modos de Ver, entre outros. O fato de esses temas terem emergido das chamadas abertas internacionais de edições anteriores não impede que reapareçam, se isso for revelado pelo conjunto de propostas coletadas para a Bienalsur 2023.

Saiba mais no site da Bienalsur, clique aqui.

ARCOlisboa retoma atividades presenciais

Cordoaria Nacional recebe a ARCOlisboa. Foto: Divulgação
ARCOlisboa 2022 acontece entre 19 e 22 de maio Cordoaria Nacional, em Lisboa (Portugal). Foto: Divulgação

Reunindo 65 galerias de 14 países, a ARCOlisboa retorna ao formato presencial neste mês. A feira organizada pela IFEMA MADRID e pela Câmara Municipal de Lisboa, celebra o seu quinto aniversário representando o momento de reencontro físico com a arte contemporânea na capital portuguesa. O evento acontece de 19 a 22 de maio na Cordoaria Nacional e os conteúdos dos expositores também podem ser vistos de forma virtual pela plataforma ARCO E-XHIBITIONS

Neste ano, a curadoria se divide em três núcleos: Programa Geral, África em Foco e Opening Lisboa. O primeiro, dedicado a um espectro mais amplo de expositores, reúne 42 galerias. Apesar do número, poucos países compõe esse núcleo; de forma geral, a feira mantém seu foco num amplo diálogo do cenário português com a arte europeia. Dentre as galerias selecionadas pelo comitê da organização estão três austríacas, 19 espanholas – sendo uma delas a Zielinksy, que conta também com sede em Porto Alegre, no Brasil -, 18 portuguesas – dentre as quais a Kubikgallery, que tem uma sede em São Paulo -, uma do Reino Unido e uma uruguaia. 

O programa África em Foco, por sua vez, volta a sua atenção à investigação da arte contemporânea do continente africano e de suas diásporas. Com curadoria de Paula Nascimento, será formado por oito galerias, com presenças de África do Sul, Angola, Moçambique, Uganda e de galerias europeias. Ao contrário do que se poderia pensar, o núcleo não ocupa um espaço específico e segregado na feira, mas é composto de estandes individuais espalhados em toda a extensão do evento. Os temas de trabalho vão das políticas de identidade à análise das histórias africanas (histórias pessoais e coletivas) em uma variedade de materiais, suportes e estilos. 

Como já é habitual, a Opening Lisboa demonstra interesse nas novas galerias que, “pelo seu curto trajeto ou pelas novidades que trazem ao contexto português, apresentam propostas interessantes e permitem descobrir outros criadores”, aponta a organização da ARCOlisboa em comunicação oficial. Com seleção feita por Chus Martínez e Luiza Teixeira de Freitas, a seção reúne 13 expositores. A presença europeia ocidental ainda se destaca, com suas 10 participações entre expositores belgas, espanhóis, franceses e portugueses, mas também será possível acompanhar as participações asiática – a partir do estande da Delgosha, do Irã -, latino-americana – representada pela brasileira Verve – e da Europa Oriental – pela presença da galeria ArtBeat da Geórgia.  

Para além dos estandes

Promovendo debates e reflexões sobre o mundo das artes contemporâneas, a ARCOlisboa apresenta o Millenium ArtTalks. Organizado pela EGEAC e pela curadoria de Filipa Oliveira, o programa é aberto ao público e oferece um conjunto de conversas com especialistas sobre diversas temáticas, tendo as práticas institucionais e as práticas dos artistas como principais eixos discursivos. Nesta edição, participam artistas e profissionais como Tobi Maier, Diogo Evangelista, Bernardo Mosqueira, Luis Silva, Margarida Mendes, Paula Nascimento, Tho Simões, Pauline Foessel, Sabrina Amrani, Adelaide Duarte, Luís Ferreira, Mário Teixeira da Silva e Teresa Kutala Firmino. Confira a programação completa no site da feira

O ArtsLibris também retoma atividades nesta edição da ARCOlisboa. Com 31 expositores nacionais e internacionais, o espaço especializado em publicações de artistas, fotolivros, pensamento contemporâneo, autoedição e publicações digitais, se estabelece no Torreão Nascente da Cordoaria com entrada gratuita ao público. Em paralelo, o programa desenvolve o Speakers’ Corner, programa que promoverá um ciclo de apresentações e debates focados no estado atual das publicações de arte.

Como novidade, a edição 2022 desenvolve ainda um Programa Internacional de Colecionadores, que inclui visitas exclusivas a instituições e coleções privadas, assim como acesso privilegiado à feira. 

Buscando promover o acesso a um maior número de visitantes, o preço geral da entrada será de 15 euros e de 5 euros para estudantes. Além disso, como novidade, no sábado (21), a partir das 17h, o acesso será gratuito para os jovens entre os 18 e os 25 anos.

Frieze New York: confira as galerias brasileiras participantes

"Our voltaic room" (2022), de Rebecca Sharp, que será exibida na Frieze New York. Foto: Sara Way. Cortesia da Sé e da artista.

A Frieze New York, uma das mais importantes feiras de arte do circuito internacional, acontece a partir do dia 19 de maio no The Shed, em Nova York, e online pelo viewing room do evento. As galerias brasileiras Fortes D’Aloia & Gabriel, Jaqueline Martins, Luisa Strina, Marilia Razuk, Mendes Wood DM e Sé estarão na feira com o apoio do Projeto Latitude, uma parceria da Associação Brasileira de Arte Contemporânea (ABACT) e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).

Para a Frieze New York, a Fortes D’Aloia & Gabriel trará exposição Pulse, criada especialmente para o evento e que investiga as múltiplas facetas do desejo. Efrain Almeida, Leda Catunda, Jac Leirner, Rivane Neuenschwander, Janaina Tschäpe e Yuli Yamagata estão entre os artistas brasileiros que produziram novas obras para a ocasião. A galeria traz ainda trabalhos de Alair Gomes, Sergej Jensen, Robert Mapplethorpe, Ernesto Neto, Adriana Varejão e Bárbara Wagner & Benjamin de Burca.

Já as galerias Marilia Razuk e Jaqueline Martins apresentarão De uma vez: provocação e reflexão, um diálogo inédito entre os brasileiros José Leonilson (1957-1993) e Hudinilson Jr. (1957-2013); destacando como suas documentações artísticas, tanto em diários quanto em fotografias, convergiram para grandes questões que marcaram profundamente sua geração: a liberdade sexual e a tragédia da pandemia do HIV.

A Mendes Wood DM exibirá uma seleção de destaques enfatizando uma recontextualização do Sul Global. Serão expostos trabalhos de Solange Pessoa, Paulo Nimer Pjota, Paulo Nazareth, Paulo Monteiro, Daniel Steegmann Mangrané, Mariana Castillo Deball, Kisho Suga e Anna Bella Geiger, Guglielmo Castelli, Alvaro Barrington, Paula Siebra e Mimi Lauter.

A Sé Galeria, que participa do evento na seção Frame (voltada a espaços jovens e talentos emergentes), levará o trabalho de Rebecca Sharp, artista brasileira radicada nos Estados Unidos, que apresenta uma série de novas pinturas e esculturas explorando o imaginário surrealista.

Já A Gentil Carioca participa da Independent Art Fair, outro evento que ocorre em Nova York no mês de maio de forma híbrida, com a primeira mostra solo internacional de Vinicius Gerheim. Encerrada no último dia 8, a feira segue com online viewing room até o dia 31. A galeria Gomide & Co também se dedicou a outro evento, a TEFAF New York – que esteve aberta a público até o dia 10 de maio -, na qual exibiu uma seleção de trabalhos de artistas como Mira Schendel, Hélio Oiticica, Ivan Serpa, Lygia Clark, Lygia Pape, Willys de Castro e Sergio Camargo. 

SERVIÇO

Quando: 19 a 22 de maio.
Onde: The Shed (545 West 30th Street, Nova York)
Online: Clique aqui
Ingressos:
Primeira prévia na quinta-feira, US$200;  Sexta-feira, US$ 155 antes das 14h, US$ 125 admissão geral;  Sábado e domingo, US$ 65 admissão geral, US$ 35 estudantes e jovens de 13 a 18 anos, US$ 5 crianças até 12 anos.

Mais informações no site da Frieze, clique aqui.