No auditório do Sedes Sapientiae, em São Paulo, reduto do estudo e a formação em psicanálise desde 1975, uma plateia atentíssima ouviu mais de 15 palestrantes. Eles refletiram, a partir de diferentes lugares do pensamento, sobre as angústias, terrores e perdas que formam parte do sofrimento do sujeito contemporâneo.

A proposta da comissão organizadora, o Coletivo Escutando a Cidade, formado pelas psicanalistas Alessandra Sapoznik, Luiza Sigulem, Miriam Chnaiderman, Pedro Robles e Soraia Bento e a antropóloga Paula Janovitch parte da ideia Freudiana de “deslocamento”, ligado à plasticidade pulsional, a como as pulsões se movimentam dentro do aparelho psíquico e à possibilidade da criação. O sujeito é perpassado pela cultura e nesta movimentação sempre exposta, corre o perigo – dentre outros – de na falta de um “contorno”, de um “píer” onde se amarrar, trazer para o desenvolvimento do sujeito consequências determinantes entre a vida e a escuridão.

Mudanças de posição, de território e fluxos sociais podem remeter a um “não-lugar”, a uma deriva.

Mas será que este não pode devir um lugar em movimento? Uma outra possibilidade de referência? Pergunta-se o grupo.

Deslocamentos convidou acadêmicos, escritores e especialistas que apresentaram textos ao longo de quatro mesas: Novas Histórias, A língua errante e/ou o apátrida, Narrativas do éxodo e da diáspora Através da cidade. O evento, ainda, foi encerrado por uma apresentação dos músicos Yousef Salf, instrumentista palestino, Yannick Delass, compositor e cantor congolês, e Emir Panzo, poeta angolano.

paginaB acompanhou o evento e trará para o leitor/ouvinte podcasts com as apresentações da conferência.

Nesta primeira matéria, traremos as falas referentes à mesa A língua errante e/ou o apátrida com a participação do psicanalista e professor Nelson as Silva Junior como coordenador da mesa e, na sequência, as falas de Caterina Koltai, socióloga, psicanalista e professora aposentada da PUC-SP, também autora de Psicanálise e Política – O estrangeiro e Totem e Tabu, um mito freudiano; Marcio Seligmann Silva, professor titular de Teoria Literária na UNICAMP, pesquisador do CNPq, crítico literário e tradutor, autor de O local da diferença. E, por último, Peter Pál Pelbart, filósofo, ensaísta, professor titular de filosofia na PUC-SP, editor da N-1 Edições e autor de O avesso do niilismo.

 

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