Em sua segunda individual na galeria, Luiz Martins apresenta 14 obras – pinturas, desenhos, e uma instalação - abordando
O trabalho de Luiz Martins recorre a elementos gráficos, sobrepostos a páginas escritas em diversos meios - como folhas de dicionário, bíblias ou tabloides - cânones que carregam, em diferentes tempos, o discurso dominante e normativo do homem branco europeu, nos dizeres do curador: “palavras que por tantas vezes se transformam em instrumentos de violência literal e simbólica”. Os materiais, texturas e superfícies que fazem parte do universo do artista carregam todo este simbolismo.
Para esta última série, Luiz Martins trabalha suas formas não só sobre páginas de dicionários, acrescentando sua releitura a cadernos de viagem de Debret e Rugendas, típicos registros históricos que categorizavam e atribuíam características e funções às diferentes raças. Desta forma, faz referência a processos persistentes na estruturação da sociedade, e ainda uma crítica sutil a um mercado que até hoje premia e destaca estereótipos políticos e culturais. “Antes de mais nada, é o lugar do corpo e a ancestralidade deste corpo - que neste caso nenhuma figuração poderia representar em seu todo - que interessa ao artista, contundente expressão de sua complexa e fascinante história de vida”, conclui Ian Duarte Lucas.