Kleber Mendonça Filho, em uma das salas de projeção do núcleo de cinema da Fundação Joaquim Nabuco, no Recife, espaço coordenado por ele há 18 anos. Foto: Fred Jordão

Kleber Mendonça Filho é um cineasta que impõe sua força criativa por meio de narrativas de enorme subjetividade. Na vida real, no entanto, é um sujeito objetivo. De fala pausada e serena, na entrevista a seguir ele expõe, com clareza, observações sobre o cinema, sua trajetória como crítico e atrás das câmeras e a realidade sociopolítica do País. Depois de desconcertar a opinião pública com O Som ao Redor (2012), seu primeiro longa-metragem, ele submete agora ao crivo local Aquarius, filme estrelado por Sonia Braga, intérprete da protagonista, Clara.

Licenciado para ser exibido em mais de 60 países, sucesso no Festival de Cannes, onde foi um dos 20 selecionados para concorrer à Palma de Ouro, Aquarius conquistou três prêmios de Melhor Filme, no Festival de Cinema de Sydney, na Austrália, no Transatlantyk Festival, na Polônia, e no World Cinema Amsterdam, na Holanda. Ironicamente, a chegada de um trabalho tão incensado ao redor do mundo às salas de cinema do País está cercada de suspeição por parte conservadora da sociedade brasileira que não viu com bons olhos o protesto contra o governo interino de Michel Temer (tornado definitivo ontem, 31.8, com impeachment de Dilma Rouseff) feito pelo diretor pernambucano e a equipe de Aquarius na estreia mundial do longa no Festival de Cannes, em maio último. Na ocasião, houve quem pedisse na internet um boicote ao filme. Paradoxo que, na visão do cineasta, escancara o quanto o País está rachado.

Fato é: para além da celeuma política em torno do ocorrido em Cannes, aqueles que se deixarem envolver pelos 140 minutos de narrativa primorosa do roteiro de Mendonça Filho encontrarão em Aquarius um filme emocionante. Se em O Som ao Redor e nos primeiros curtas-metragens o diretor desenvolvia suas tramas a partir de núcleos de personagens, em Aquarius ele traz como trunfo narrativo uma protagonista apaixonante e quase onipresente.

Ao confrontar os interesses da especulação imobiliária, que pretende transformar em escombros o apartamento em que reside, Clara agiganta-se em defesa de seu livre-arbítrio e das lembranças construídas ao longo de décadas naquele espaço. Na contramão de seus oponentes – homens gananciosos e inescrupulosos, para quem a preservação da memória individual e coletiva não vale um centavo –, ela nutre valores que não podem ser mensurados pelo vil metal. Apaixonada por música, vive cercada de milhares de LPs tocados em alto e bom som em um potente sistema analógico, um contraponto ao vazio do edifício que, protegido por ela, se torna um monumento de resistência fincado à beira da praia de Boa Viagem, no Recife.

Nascido na capital pernambucana há 47 anos, o cineasta morou em Londres por cinco anos no início dos anos 1980. Filho de pais divorciados, foi parar em solo britânico ao lado do irmão e da mãe, a historiadora Joselice Jucá. Por levar regularmente o menino para ver filmes nas grandes salas de exibição do centro do Recife, Joselice, morta em 1995, exerceu influência direta na paixão do filho pelo cinema. Autora de trabalhos sobre André Rebouças e Joaquim Nabuco, ela foi à Inglaterra fazer seu doutorado. Na volta ao Brasil, adolescente, Mendonça Filho decidiu cursar Jornalismo na Universidade Federal de Pernambuco. Escolha que, segundo ele, era a “estação mais próxima do cinema”. Como naquela ocasião ainda não havia curso acadêmico de Cinema no Recife, o ofício de jornalista poderia ser facilmente convertido na ocupação de crítico cinematográfico. Em 1997, foi esse o posto que o futuro cineasta assumiu no Jornal do Commercio.

Além de possibilitar o trânsito em inúmeros festivais internacionais e aproximar o jornalista de alguns de seus ídolos, a experiência de atuar como crítico ao longo de 13 anos fez do pernambucano um realizador com sensibilidade aguçada e autoanálise rigorosa. Talvez resida aí, por exemplo, a precisão dramática que há em Aquarius.

A seguir, os melhores momentos da conversa com Kleber Mendonça Filho.

CULTURA!Brasileiros – A trajetória de crítico exerceu influência na sua carreira de diretor?
Kleber Mendonça Filho – Tive contato com muitos filmes e realizei um sonho de criança. Minha mãe dizia que, quando eu era menino, cheguei a falar que queria ser crítico de cinema, algo que não recomendo a ninguém, mas que, ao mesmo tempo, é um belo caminho para se entrar em contato com a cultura do mundo e entender o que ela tem a ensinar em todos os níveis, não só no sentido comercial, mas também pelo viés do cinema autoral. Sou muito grato pela experiência que tive como jornalista e crítico, assim como pelas viagens que fiz e a quantidade de gente que conheci. Foram 13 anos fantásticos, mas que tive de abandonar, em 2010, exatamente na semana em que começamos a pré-produção de O Som ao Redor, meu primeiro longa-metragem.

Entre outras qualidades, Aquarius chama a atenção pela densidade do roteiro e das personagens. Como você chegou a esse resultado?
Para mim, é muito provável que a boa escrita resulte de treinamento. Claro, deve existir algum tipo de talento que define quem escreve bem e quem escreve mal. Existem grandes jornalistas e outros ruins; existem escritores incríveis e escritores medíocres – e a história está aí para mostrar quem são eles. A escrita é um campo misterioso do pensamento. Você demonstra admiração pelo roteiro e me sinto lisonjeado que o texto desperte esse tipo de reação, mas não sei bem explicar por que Aquarius tem um bom roteiro, exceto pelo fato de que, para mim, antes de um filme existir ele tem de fisgar as pessoas a partir das palavras. E sempre que converso com amigos sobre meus roteiros meio que saco se eles estão falando do texto como se ele fosse o próprio filme. Um bom roteiro de cinema precisa ter muita força de sugestão. Recebo muitos roteiros para avaliação, costumo ler alguns deles antes de dormir e existem aqueles que imediatamente me levam para a cama e outros que, ao invés disso, causam insônia. Tem muito roteiro que não passa de um reles amontoado de papel. Em um bom roteiro, o drama, os conflitos e as situações precisam ser muito claras, precisam ter força. Coisas que também determinam a boa literatura. Não estou dizendo que eu faço boa literatura, mas, antes de filmar, preciso ter orgulho de mostrar para alguém o que escrevi.

A maioria dos seus filmes não tem protagonistas, as situações trans­­correm por meio de vários personagens. Em Aquarius, isso muda. Clara é quase onipresente…
Acho que esse protagonismo veio a partir do momento em que eu entendi que tipo de filme pretendia fazer. O Som ao Redor, por exemplo, é um thriller de observação. Um filme que gera angústia, suspense e tensão, a partir de uma série de observações subjetivas de um conflito que se desenvolve à distância, como se fosse visto da janela de um quarto. O mesmo não ocorre em Aquarius, que terminou se tornando um filme clássico de herói – no caso, de uma heroína, Clara. Quando pensei em que trabalhos seriam referência para o que eu pretendia fazer, cheguei aos filmes italianos dos anos 1950 e 60, onde há mulheres fortes, com grande presença cinematográfica e uma série de desafios e obstáculos para enfrentar. Quando entendi que Aquarius seria um filme de resistência, no sentido clássico, tomei o caminho que levou Clara a um final digno de uma grande heroína, uma mulher que sabe reagir, que sabe se defender.

Pela observação da vida no meio urbano, é coerente dizer que O Som ao Redor e Aquarius são semelhantes?
Acho que o tema mais presente em meus filmes é o que chamo de disfunção de comportamento. Em O Som ao Redor, por exemplo, o sobrinho e o tio estão tomando café da manhã quando a campainha ressoa e surge o segurança na intenção de oferecer vigilância para eles e para todos os moradores da rua. A reação de ambos é rejeitar a oferta. Em nossa sociedade, o fato de eles fazerem essa recusa pode ser visto como uma disfunção de comportamento. Em Aquarius, os caras da construtora chegam no apartamento de Clara e decretam que o espaço em que ela vive há décadas é obsoleto e acham que uma boa oferta financeira será imediatamente aceita por ela, porque não passa pela cabeça deles que Clara seja alguém que possa pensar de forma diferente. E ela pensar diferente também é uma disfunção de comportamento.

O cineasta em frente ao Edifício Oceania, na Praia de Boa Viagem, no Recife, principal locação de Aquarius. Foto: Fred Jordão

Você espera que Aquarius suscite discussões tão calorosas quanto as provocadas por seu antecessor?
Em O Som ao Redor essa resposta foi, de fato, bem forte. O filme parece ter atingido um nervo da sociedade, porque tem muitas observações sobre a vida no Brasil de hoje. Desde o cara que oferece um serviço de segurança sem ter sido solicitado até a reunião de condomínio onde as pessoas fingem ser civilizadas, mas se portam como selvagens. Acho que as pessoas identificaram essas verdades no filme. Muitas delas tiveram, inclusive, de se enxergar.

O psicanalista Christian Dunker afirma que parte da classe média e da elite brasileira se ordena em uma estrutura chamada por ele de “lógica de condomínio”. Seus filmes também tratam disso?
Concordo. E digo isso porque o simples fato de Clara querer ficar em paz em sua casa e não querer fazer parte de um novo condomínio transforma sua vida em inferno. O direito de ela dizer não, de forma um pouco sarcástica, mas muito educada, gera tensão. Hoje, quando você define e defende sua posição, é inacreditável, porque parece não haver sensibilidade nas pessoas para que elas entendam que, na vida de cada um, existem posicionamentos diferentes. No filme, Clara diz: “Não, muito obrigado, não tenho interesse de vender meu apartamento. Estou muito tranquila aqui. Agradeço a visita de vocês”. Para gente como eles, isso é inaceitável. “Como assim? Ela tem uma opinião?!”. E eles ainda argumentam: “Não deixaria minha mãe ou minha avó morar aqui sozinha”. Um ponto de vista que não só é machista, mas completamente retrógrado. Isso é muito estranho. O não dela poderia ser só um não mesmo.

Por falar em direito à opinião, é inevitável tratar do protesto que vocês fizeram no Festival de Cannes…
Considero que foi um gesto discreto, simples e preciso. Estávamos na semana em que Dilma foi afastada – a meu ver, de maneira um tanto ilegal – e, além disso, dias depois de o Ministério da Cultura ter sido extinto. Era impossível ficar calado em uma situação como essa. Como em uma democracia não existem leis que proíbam uma pessoa de falar exatamente o que pensa, nós nos manifestamos e a imprensa internacional agiu com enorme interesse de tentar entender o significado daquele protesto. Na ocasião do festival, grandes veículos de imprensa, como The New York Times e Le Monde, já estavam por dentro do que se passa aqui e os jornalistas viram o ato como algo poderoso que um grupo de artistas representativos para o Brasil decidiu fazer em um dos eventos de maior mídia espontânea no mundo. Para mim, a questão, e acho que é isso que muitas pessoas não conseguiram entender até agora – porque, para elas, a personificação do mal se resume, em primeiro, segundo e terceiro lugar, ao PT – é que não sou petista, não sou e nunca fui comunista nem na adolescência, mas tenho uma visão muito clara do que é a democracia. Dilma não estava fazendo um bom governo, concordo, mas, por causa disso, ela foi sabotada desde o primeiro minuto de sua reeleição. Foi tirada do Planalto por uma oposição que não foi eleita pelo povo e que não tinha motivos legítimos para tirá-la de lá. O que defendo é o direito de proteger um sistema democrático conquistado, a duras penas, em 1989.

Que prognósticos você faz para o futuro do País?
Tento ser otimista, mas, dia após dia, as notícias nos levam a acreditar que voltamos alguns anos de nossa história. Juntando todas as decisões do governo interino, fica difícil afirmar quantos anos ou décadas já retrocedemos. Michel Temer está no período em que as coisas ainda não foram definidas (a entrevista foi realizada no final de julho), mas, mesmo assim, deu início ao desmonte do País, o que é pouco racional, porque existem decisões que são partidárias e ideológicas, e existem resultados reais que serão identificados em um futuro imediato. Tenho a tendência de ficar pessimista e triste com o que a gente pode viver nos próximos anos. Quebrar a ideia de democracia a partir de um golpe muito cínico, como esse que está em curso, abre graves precedentes. E olhe que a democracia no Brasil já tinha problemas de sobra. Vivemos em um País onde, por exemplo, existe um massacre de jovens negros e essa realidade é tratada com a apatia do “é assim mesmo”. Escolher líderes por meio do voto direto é uma grande conquista. Perder isso é muito sério, no estágio de desenvolvimento que estávamos da história do Brasil.

Voltando ao filme, outro aspecto marcante é a utilização da música como elemento narrativo. Por exemplo, a frase inicial da canção Hoje (Hoje/Trago em meu corpo as marcas do meu tempo), de Taiguara, parece falar diretamente de Clara…
Na história do cinema esse é um assunto tão rico que podemos falar sobre ele e chegar a várias conclusões. Em primeiro lugar, que a música é como uma máquina do tempo, da mesma forma que o próprio cinema. Taxi Driver, por exemplo, é um filme de ficção, mas que retrata a Nova York de 1975 de maneira tão ou mais fiel do que os documentários feitos sobre a cidade no mesmo período.

Mas em Aquarius as músicas que permeiam a trajetória de Clara são canções e não uma trilha incidental como a de Bernard Hermann em Taxi Driver
Verdade. A música em Taxi Driver (ouça a trilha) é uma apropriação absolutamente clássica. E, devo dizer, não tenho nada contra essa decisão, afinal quando os deuses do cinema decidem que em dado momento de um filme tem de entrar uma música e essa música é de Bernard Hermann isso é magnífico. Em Aquarius eu queria que o significado de cada uma das músicas fosse respeitado ao máximo. Digo isso porque não estamos falando de música incidental e dramática, como a de Hermann em Taxi Driver ou a de John Williams em Tubarão. Estamos falando de quando os filmes usam músicas que fazem parte da cultura popular, como é o caso das que estão em Aquarius. São muitos os filmes que desperdiçam e desrespeitam esse recurso. Clara é uma pessoa que valoriza a música, porque, inclusive, fez parte de sua vida profissional, como jornalista e escritora. Tive a preocupação de não usar essa característica como uma muleta narrativa da personagem, algo que acontece em boa parte dos filmes.

Como foi dirigir Sonia Braga?
Uma experiência fantástica. Mas admito que tive medo de ela não aceitar o convite, tanto que fui a Nova York para falarmos pessoalmente sobre o filme. Lidar com atores em um set de filmagem é sempre tenso para mim, imagine com alguém como Sonia. Digo isso porque o ritmo e o volume de trabalho na produção de um longa-metragem tendem a ser desagregadores. Isso faz parte da história do cinema. Tive o receio de que alguma coisa pudesse não dar certo entre mim e ela. Felizmente, isso não aconteceu e tenho hoje em Sonia uma grande amiga. A primeira coisa que, para mim, sinalizou que tudo poderia dar certo foi a reação que ela teve com o roteiro. Conversamos sobre ele e Sonia parecia estar falando do filme pronto. Ela entendeu a dimensão política e a questão humana que existia na personagem de forma tão intensa que hoje não sei dizer ao certo quem é Clara e quem é Sonia.

Alguns críticos têm afirmado que o Recife se tornou a capital do cinema brasileiro. Você tem alguma boa teoria sobre esse fenômeno?
Não tenho uma boa explicação porque acredito que a cultura não é exata como matemática. Pelo contrário. Para mim, ela é orgânica como bactéria, é como um micróbio que se alastra, um organismo imprevisível. Por pensar assim, se eu ainda fosse crítico de cinema quando o filme Wiplash, daquele merdinha que fica se matando para aprender a tocar bateria, foi lançado, talvez tivesse feito uma resenha muito mal-humorada do trabalho, que um monte de gente adorou. Eu não descarto a possibilidade de alguém realmente chegar à grandeza se sacrificando daquele jeito, mas francamente… A cultura pode ser fruto de sofrimento a partir de uma inspiração ou de um sentimento, mas não de sofrimento físico. Mesmo assim, tenho algumas teorias sobre o que acontece no Recife. Uma delas é o fato de a cidade estar distante do eixo econômico do País. Algo que pode ter criado ao longo de muitos anos uma sensação de independência de ideias. Tivemos João Cabral de Melo Neto, o Ciclo do Cinema do Recife dos anos 1920, o Ciclo de Super 8 dos anos 1960. No começo da década de 1990, veio o manguebit de Chico Science e Nação Zumbi, Mundo Livre S/A e uma série de bandas. Para mim, que era jovem quando surgiu o movimento, foi muito inspirador, porque cresci em uma cidade que tinha um sentimento vira-lata. Quando morei na Inglaterra, tive a oportunidade de ver Prince, por duas vezes, e defini que aqueles foram os melhores shows que vi na minha vida. Tive de rever isso, porque, depois, estive em shows do Chico que também entraram para essa lista.

Gostaria de concluir falando de sua relação com Emilie Lesclaux, sua produtora e companheira…
Quando começamos a viver juntos, em 2003, pouco depois ela pediu para ver o que já tinha sido gravado do Crítico (documentário lançado só em 2008) e foi ela que me convenceu que existia um bom filme naquele material. Já havíamos trabalhados juntos em Eletrodoméstica (curta-metragem, de 2002), mas essa foi nossa primeira grande parceria. Emilie é minha com­panhei­ra de vida, temos dois filhos e ela tem conquistado muito respeito dentro e fora do Brasil. Nesta semana, como produtora, participou do Festival de Cinema Latino-Americano, em São Paulo. Em Cannes, foi convidada a falar em uma mesa sobre a participação da mulher no cinema. Emilie consegue viabilizar os filmes de uma maneira muito tranquila e respeitosa com as pessoas, algo que dá um certo ar de cinema doméstico às nossas produções. Temos um escritório em casa e às vezes telefonam dizendo: “Queria falar com o departamento financeiro da CinemaScópio…”. Tenho vontade enorme de responder: “Só um minuto, vou transferir para o quarto andar”. Uma piada, claro, porque basta eu esticar o braço 30 centímetros e passar o telefone para ela. Mas, mesmo sendo uma operação pequena, com o trabalho de Emilie a produtora tem gerado excelentes resultados. Aquarius já está vendido para mais de 60 países, algo incrível para um filme feito por um grupo de amigos na praia de Boa Viagem. O Som ao Redor também teve uma carreira incrível. Isso nos dá a sensação boa de que estamos no caminho certo e que as coisas têm funcionado.

MAIS
– Leia entrevista com Sonia Braga
– Veja o trailer oficial de Aquarius

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